1.
“Oscar Wilde lá dizia que resistia a tudo menos à tentação.
Mas este assim ficou monástico, misterioso.”
2.
Como nos deixa curiosos assim?!!!
Vou deixar-te um poema de gula, para pecares de vez:
Delicioso Pecado
Satânico é o meu desejo
De despir seu corpo
Naquela manhã ensolarada
Tirar da minha boca a fome
Dos seus sabores
Olhando pra você
Enquanto lhe desejo
Desfaço da sua pele
Em suaves descidas
Até que se mostre
Eu lhe mordo a ponta
Até chegar o fim
Do meu prazer
Saciando o mel
Da forma em riste
Da banana que comi
Até o fim!!
não resisti e escrevi:
misterioso? não. nunca – não sou homem de mistérios
– escrevo-me em papel para dizer o que não sei falar – escrevo-me em papel para
dar mais horas de luz aos dias – escrevo-me em papel para me convencer que o
coração tem razão para continuar a bater – escrevo-me em papel porque a escrita
é como um analgésico para uma dor incerta. uma dor que talvez nem exista –
escrevo-me em papel porque. quando escrevo. penso. e logo existo – escrevo-me
em papel porque as palavras obrigam-me a gostar de mim tal e qual como sou –
escrevo-me em papel porque. quando escrevo. sou muito mais do que homem. sou
todos os homens e coisas do mundo. sou gaivota. mar. planta. pinheiro manso.
musgo. terra. pó insignificante. porque todo o pó é insignificante – escrevi sobre
a gula por ser covarde e não saber falar. por não saber contar o tempo. as
palavras. nem perceber o seu valor quando o homem está possuído por este pecado
– escrevi a gula para evitar lançar alguma palavra de que me pudesse
arrepender. e como diz o provérbio chinês: a palavra e a flecha lançada não
podem voltar atrás – comi então todas as palavras do meu mundo. não falei. não
pequei – tudo o que não disse. engoli. digeri. e no silêncio encontrei razões
que o coração desconhecia – de homem cobarde fiz-me homem sensato – engoli
todas as palavras do meu mundo e o mundo não notou a falta de nenhuma – não
existo para o mundo. existo para mim. e é para mim que escrevo – será que alguém entende o que escrevo? não
acredito – ainda bem que não há inquisição
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