.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

16/04/2014

mais um ano




jean-michel folon
 
 
a minha juventude foi muito agitada. desajeitada e rebelde  – gosto de culpar o 25 de abril por todos os males de que padeço. mas não é verdade – o que seria das minhas palavras sem abril? não trocava abril por nada. crescer com a revolução é um daqueles momentos únicos que a vida não repete – sem abril estaria vazio. talvez até vazio de erro –  faço parte do erro. agarrei a liberdade sem defesas e acabei por sucumbir ao seu encanto – por ali fiquei a trovar. sem métrica. sem rima e a um compasso que nunca soube acompanhar – agora que envelheci escrevo prosa para sobreviver – estou triste. escrevo –  quero desabafar. escrevo – quero respirar. escrevo – quero dar uma sova. escrevo – quero dizer amo. escrevo – quero odiar. escrevo – escrevo para tudo e para mim – escrevo porque quero continuar a envelhecer com as palavras que ainda não escrevi – escrevo para não morrer no meio de um amor não correspondido: a vida – a vida nunca me amou. talvez por não ser poeta. talvez por nunca ter dito que gosto muito de todos aqueles que fazem parte da minha vida – amo-vos. amo-vos. amo-vos.  a todos – escrevo para falar – bem hajam


 

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