.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

24/07/2015

RELÂMPAGO




antónio manuel couto viana
 
 
 


RELÂMPAGO

 
Não me orgulho de nada:
O mundo foi severo.
A conta, após contada:
Zero.

 
Anda à volta de mim
Quem não sabe quem sou.
Eu fui-me sempre assim.
Ou...?

 
Vejo os outros que passam
Pobres de ser alguém.
Inúteis, ameaçam
Quem?

 
Um nome vale um ano,
Ou apenas um mês.
Há-de descer o pano
Sem me chegar a vez.


                                          (2004)


António Manuel Couto Viana

 



05/07/2015

entre o corpo e o nada




foto - sampaio rego
 
 
trago-me preso ao tempo e o caos alimenta-me a desordem – estou onde o mundo termina e a saudade começa

 

 



01/07/2015

noturno alucinogénico




foto - sampaio rego
 
 

a noite está terrível – não durmo – como sempre a massa encefálica desperta com a chegada do silêncio – começo então a pensar em alta velocidade. acredito eu que não conheço a velocidade de outros pensadores noturnos – gosto de pensar que sou rápido – só me sinto capaz de pensar em silêncio-escuro. sempre me conheci assim – defeito. só pode ser. digo eu e as sombras fantasmagóricas  presas às paredes. sujeitando o discernimento a um pânico alucinogénico onde a sensatez é enfraquecida pelo aparição de um ficheiro secreto – com a noite escura nunca sei o que é real ou criação – nem mesmo sei se ainda existo ou se sou uma mera sombra perdida num espaço de tempo que já passou – talvez seja um espectro. talvez