“Às vezes, amigo, caem-me palavras líquidas dos olhos de te ler...”
sterea – 02.06.2011
comentário feito no meu texto “nunca acaba amiga”
comentário feito no meu texto “nunca acaba amiga”
como dizer-te que as tuas palavras sufocam – o ar desaparece. um nó feito de comoção aperta. e eu sem saber deslaçar esta aflição – na cabeça nascem atalhos que me levam para perto do que me dizes – há palavras que são eternas. e o corpo certifica para sempre o que é ser feliz – a cadeira ainda é a mesma desde aquele dia em que te li pela primeira vez. só o couro perdeu a cor. gastou-se na procura de um lugar seguro onde guardar as palavras que me deixas – escrever é bom – saber que me lês é especial – sempre que me escreves deixas-me cansado – fico sem saber o que fazer ao coração – deito as mãos ao peito e sei que ele bate das tuas palavras. sempre certo. ritmado pelos afectos de quem gosta de ler o que as palavras escondem – e o pensamento sem nada dizer. perdido nas entre linhas da vida que deixas tombar sobre o papel. feito de bondade – as estrelas brilham mesmo quando não há noite – o tempo é a tua alma. fez-te palavra – resta a memória – o que seria dos homens sem memória. sem nomes. sem lugares. sem abraços. sem bondade. há rostos que não se podem esquecer. momentos – momentos escritos são para sempre – memória – e leio e releio e o corpo ali. aqui. acolá. os olhos parados em sorrisos. eternos – não há força que desocupe o tempo quando dizes que as palavras são feitas para abraçar. e eu a agigantar-me ao mundo. a acreditar que o passado nos teus olhos é esperança. até a dor termina quando sorri pela vontade de te dizer: obrigado. obrigado por me fazeres feliz. obrigado por me ajudares a escrever. obrigado por me ajudares a ver o caminho. certo pelas palavras com que me abraças – memória – o que seria dos homens sem memória – há um outro tempo na tua escrita desigual. mulher-abraço. mulher-doce. mulher-dor. mulher-esperança. mulher-futuro. e uma mulher-mulher capaz de escolher a bondade. estender as mãos à vida. à amizade – e eu deste lado a ouvir o que escreves – ouço palavras como se fossem ditas ao ouvido. e o nó aperta. sufoca. e o ar foge. e a dor de estar feliz aqui dentro a dizer-te: doce memória. bendita memória – e abro mais um texto. e lá vens tu devagar. em silêncio é primavera. pelas rosas brancas – as amendoeiras sempre dão flor. todo o ano. o fruto pendurado em palavras que não acabam – e lembro vinhas do douro a correr rio. é outono. à lareira chama-se o inverno. largam-se as palavras. frias. à sombra do que arde. é quando a tristeza volta às noites longas. aqui o tempo parou. para sempre – e eu estou no meio de palavras-bondade. palavras-mel. palavras-saber – memória – quando escreves há em ti palavras que me apertam e só a dor. em sorrisos. me faz lembrar que sou mortal – quanta bondade. quanta ternura. quanta beleza há nesses olhos que sabem ler estas minhas palavras tortas. loucas. perdidas no tempo que imaginava só meu. pela incompreensão de nem eu as entender – e eu ali a contar pedras no chão. juntava-as com o arrastar das pernas de um lado para o outro. uma a uma. até fazer um muro que nunca mais me deixou ver para outro lado. um muro de vergonha. um muro apenas atravessado pelo som que anunciava a partida dos sorrisos. em bocas que nunca souberam dar um beijo – um beijo teresa. um beijo na face que já não tinha lado – não há lados para aqueles usam palavras para acarinhar. para dizer gosto – gosto porque gosto. porque é quente. é verão. porque é frio. é inverno. e no teu tempo inventas outro tempo. o tempo do que é desigual pela força de um outro tempo. feito à força de nunca veres o erro nos outros – sou erro. mas depois de te ler. volto a ser apenas eu. desigual sim. mas eu. assim como sou em cada palavra que escrevo feita memória – tu nasceste com essa grandeza de saber ler as palavras com abraços. e depois. escreves essas coisas que me fazem ver novamente o tempo como se hoje fosse o primeiro segundo de um dia que nunca tive. um tempo novo onde o erro ainda não tinha nascido – memória – e os muros voltam a cair. as pernas voltam a fazer cair as pedras para lá das nuvens onde vivem os arrependimentos que nunca consegui escrever. linhas em branco. imagino eu – não podes. nunca mais. fazer destas coisas teresa. estou sem ar e as palavras respiram com dificuldade e não tenho forma de te dizer obrigado. sem ter de que parar a meio para voltar a ganhar fôlego – estou cansado. estou cansado mas feliz. por ainda conseguir dizer-te obrigado. obrigado por manteres a memória como um abraço feito de palavras que não sei esquecer – obrigado teresa. até sempre
as palavras também hibernam, acho. devem, porque, ultimamente, pareço perdida delas. não que não as leia por dentro, em serena inquietação, mas, à tona, só a chuva miudinha molha a terra-pele que as segura...
ResponderEliminaras palavras também sentem, tenho a certeza. e acumulam a energia do sol, para um dia florirem em abraço...
até já.
Teresa
obrigado teresa - só os abraços feitos de palavras ficam para sempre - tenho uns quantos abraços teus. abraços que nunca deixam de apertar. abraços memória -
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