no fim da noite
quando já nada existe para além de nós
e o teu corpo
repousa em sonhos que não vejo
sorrateiramente
pergunto aos olhos que dormem:
ainda estás apaixonada?
e ali fico
alimentando o silêncio
como se a doçura do teu respirar me fosse
oferecido
e pergunto-me:
o que sei de ti que o coração não saiba
nada meu amor
guardei-te para sempre
no homem que geraste
e aqui fico
[preso à infinitude de ti em mim]
num consolo calmo e desapoquentado
a sentir o mistério do amor
percorrendo-te
como se fosses o último pecado
numa inocência
esmagada de paixão
e quando o meu tempo na terra terminar
que sejam os teus olhos
os últimos a ver
e as tuas mãos as últimas a ameigar
porque tu
serás sempre o único mundo
onde existi
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