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estou triste. descrente e
irritado – o homem ocidental emergiu acorrentado a um pensamento religioso
dominante. escravizou-se num denominador comum a toda a europa antes das
descobertas marítimas. e depois. alargou a sua influência às colonizações – a
esta religião. o cristianismo [outras há mas com menor implantação]. está
implícito um determinado comportamento dos costumes. da moral e da ética.
estereótipos manipuladores que moldaram “negativamente” padrões de uma
sociedade que se quer livre e genuína – o fundamentalismo religioso. através da
palavra. manipulava. condicionava e controlava o evolucionismo do homem – para
esta comunidade religiosa a verdade absoluta é que os homens [todos]. foram
criados à semelhança de adão – teorias como as de darwin não eram toleradas
nesta[s] organização[ões] de fé em deus – a religião acabou por estender os
seus tentáculos ao mundo científico. condicionando a sua evolução. mas também.
recuando ao seu passado para manipular factos históricos – a bíblia era a
resposta para todos os males do mundo: o que corria bem era obra do santíssimo.
se corria mal. os desígnios de deus são insondáveis – castrado. o homem foi
apodrecendo lentamente – criou-se uma fragrância dos dejetos humanos.
horrorizou-se os aromas naturais e deixamos de procurar a primavera com medo de
perder o inverno – só os poderosos: clérigo. nobreza e ordens militares gozavam
de privilégios especiais em relação às demais camadas da sociedade – esta
europa vivia em festa. as suas casas reais através de impostos elevadíssimos
aos mais desfavorecidos. ostentava a sua glória em banquetes. roupas. jóias.
etc. enquanto o seu povo sobrevive numa desumanização brutal. viviam em guetos
de pobreza. sem acesso à educação. à saúde e cargas de trabalho elevadíssimas
para salários miseráveis – era este o sacrífico para a sobrevivência – com o passar dos séculos e a imergente
insatisfação do povo. as nobrezas. aos poucos.
foram substituídas por monarquias constitucionais ou repúblicas
corruptas: democracias tirânicas onde os roubos são permitidos em nome de um
estado pervertido pelos grandes grupos económicos – estas democracias
criminosas. permitem escandalosamente
que os ricos fiquem mais ricos de uma forma legal – mas claro está que para
branquear os lucros sujos a transparência e equidade das leis tiveram que ser
adulteradas e ajustadas à ganância dos novos democratas e. para isso. nada
melhor do que criar uma nova classe nobre: os “ricos” políticos das novas
democracias – poder e dinheiro em troca de mais dinheiro e poder – este é o
verdadeiro trabalho dos políticos da nova ordem de classes na europa – que se
lixe o povo. que se lixe a poluição. os oceanos. as florestas. os animais em
vias de extinção. as populações do interior. a saúde. a educação. a natalidade.
e que se lixe o futuro e o planeta terra – o importante para este grupo de
malfeitores [é claro que há exceções. raras. mas há] é o dia de hoje e o seu
modo de vida corrupto – trabalhou-se a ideia de que a democracia pensada pelos
gregos tinha emergido. depois de uns quantos séculos. numa nova versão
melhorada e mais justa – agora sim. o povo é quem mais ordena e as eleições a
sua arma – depressa percebemos que a grande arma das democracias já não é o
voto mas sim os media e também rapidamente percebemos que estes não são
controlados pelo povo. mas fazem parte das ferramentas do mal de grandes grupos
económicos – os perversos. da direita ou da esquerda. subtilmente e
graciosamente ajudam a colorir o voto de acordo com os seus interesses – ainda
recentemente tivemos a eleição do trump e bolsonaro – o mundo ocidental trabalhou
e projetou a padronização da opinião e organizou-se em camadas totémicas
circulares [formato cone. os mais poderosos na parte superior. o refugo na sua
base]. planificou a liberdade minando-a e influenciando negativamente o
pensamento. condicionando a evolução natural do homem – quem não se adaptar a
esta pirâmide do horror está excluído do mundo dos afetos socias. das
oportunidades de trabalho decentes. dos cuidados de saúde. da alimentação. da
habitação e da educação – criamos uma sociedade de homens envergonhados. o
mundo das margens. da ostracização. da incompreensão. das comunidades dos
porquês silenciosos – e por mais perguntas que se faça não há resposta para que
mais de oitenta porcento da riqueza do mundo permaneça nas mãos de apenas um
porcento da população – as sociedades ocidentais contemporâneas. capitalistas
na sua estrutura neoliberal. globalizada. roubou o sonho do homem.
escravizou-o. encarcerou-o no consumismo – o homem contemporâneo nasce dentro
da prisão que os seus pais ajudaram a construir – resignado. subserviente.
amedrontado e conformado. respira para sobreviver e sobrevive pela fé – o homem
revolucionário que anceia viver a verdadeira liberdade numa comunidade justa.
igualitária e fraterna. percorre a sua presença no mundo à procura do que
deveria ser seu por direito: a felicidade nas relações socias e principalmente
no seu emprego como factor de integração e crescimento para vir a ser o que
realmente é – este homem resiliente é constantemente contrariado por grupos
económicos imorais. obscenos. desonestos. cruéis. cínicos. que vivem sem regras
ou então. vivem com as regras que criam – esta gente transformou o mundo numa
selva nojenta [nem sempre foi assim. nem todos os homens são nojentos e nem
todo o progresso existiu para se tornar nojento] – o sucesso do homem é
calculado pelo lucro que gera e a prepotência física e moral a única ferramenta
usada para atingir esse resultado – esta sociedade vai ao limite da imoralidade
para conseguir o que pretende e a ética e os princípios a ela associados: a
justiça. a dignidade. a honestidade. a integridade. a honra. a igualdade. o
respeito pelos outros. a liberdade. a fraternidade. são constantemente
espezinhados e sempre que estes valores são espezinhados o homem perde a sua
dignidade e não há homens felizes sem dignidade – kant. na fundamentação da
metafísica dos costumes defendia que as pessoas deveriam ser tratadas como um
fim em si mesmas. e não como um meio – só um homem iluminado será capaz de se
emancipar das normas ultrajantes impostas por nações também ultrajantes. de se
reinventar. de revolucionar os povos oprimidos e recuperar de vez a sua
liberdade. tendo por pilar a ética da responsabilidade – está na hora de
recuperar a carta universal dos deveres e obrigações dos seres humanos de
saramago e obrigar as nações a implementá-la e respeitá-la definitivamente – a
vida humana só vale a pena ser vivida se for alicerçada na declaração dos
direitos do homem – é hora de voltar a falar de valores coletivos e perceber
que o mundo dos homens e a sua coesão social está abalada. está triste.
desgastado. sem ferramentas para se revoltar – sem reinventarmos os valores
colectivos nunca haverá uma nova ordem universal – precisamos urgente desta
nova ordem. precisamos mais do que nunca do inconformismo e do evolucionismo do
homem. acabar com a tirania de alguns e recomeçar com o que sobra do homem bom.
justo e fraterno – é o momento certo para nos inspirarmo-nos no passado. nas
grandes revoluções: na revolução francesa; na revolução americana; na revolução
liderada por martin luther king que levou à revogação das leis racistas; no
maio 68. um movimento estudantil que levou ao fim de posturas conservadora e a
melhores condições de trabalho; na revolução das mulheres que em 1945. através
da carta das nações unidas. declara a igualdade de direitos entre homens e
mulheres; no fim do apartheid em 1994. liderado por nelson mandela. impuseram o
fim de um regime racista na áfrica do sul; e mais recentemente a primavera
árabe. um movimento de protesto e revoltas populares contra regimes ditatoriais
do mundo árabe e que levou à queda de vários governos e regimes – bem sei que
nem todos os países tem um zeca afonso e também sei que sem zeca não há
grândola vila morena e sem grândola vila morena não é fácil fazer marchar o
povo. a fraternidade. a igualdade. a dignidade e a liberdade – para mudar o
mundo é preciso um pensamento. uma estrada e um amigo – tudo o resto acontece
como sempre acontece quando os homens se juntam por bem – lembrar para sempre o
nosso 25 de abril – só temos uma arma: o voto – sou um cravo de abril e nunca
falhei uma ida às urnas. nunca fiquei em casa. nunca ninguém ma dirá que por
minha culpa. o partido A ou B. chegou ao poder apenas porque me deu a preguiça
ou desisti de lutar e acreditar – hoje voto mais uma vez – tantas vezes o
cântaro vai à fonte que um dia nasce um zeca. um zeca do mundo inteiro. e a sua
música. desta vez. fará marchar todas os homens para um novo mundo: mais paz.
mais fraternidade. mais igualdade e mais justiça
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