bem
sei
bem
sei que sou o que sou
e
outra coisa não poderia ser
porque
se fosse
deixaria
de ser o que sou
de
esquecer o que não posso esquecer
amar o
que sempre amei
bem
sei
bem
sei que se fosse outra pessoa
não
gostava de mim como sou
mas eu
gosto
gosto
pouco ou quase nada
e a
diferença não sei explicar
o que
sei
é que
não me posso nausear
por
não gostar de mim
como
os outros gostam de si
bem
sei
bem
sei que quando gosto de mim
não é
um gostar egocêntrico
gosto
porque gosto das pessoas que gostam de mim
e são
essas pessoas
que
gostam de mim assim como sou
que me
fazem sonhar
e
talvez quem sabe…
um dia
gostar
de mim como sou
bem
sei
bem
sei que sou o que sou
e
outra coisa não poderia ser
mesmo
sabendo que não gosto muito do que sou
não me
importo
não é
coisa danada
nem
avaria complicada
não me
aprecio
neste
brio que não luze
mas
gosto de estar comigo
de me
falar
e
depois
quando
me enfado do que digo
e as
palavras abrutecem
aborreço-me
e
parto com o que sou
porque
em boa verdade
já não
quero saber para onde vou
e se
no passado
me
importava com o destino
agora
digo
para aquilo que não gosto em mim:
que se
lixe
e dou
comigo a pensar
como é
possível gostar de alguém assim
bem
sei
bem
sei que se eu pudesse gostar de mim
como
os outros gostam de si
talvez
não fosse como sou
seria
outra coisa qualquer
que
não esta
e se
amanhã
por
ser dia especial
eu
pudesse gostar
do que
sou
gostava
sem favor
mesmo
que tivesse que vender
os
valores de ser quem sou
[que
são poucos]
por
não poder ser outra coisa
bem
sei
bem
sei que ninguém merece partir
sem
gostar um pouco de si
sei lá
das
mãos, dos abraços
ou da
forma como anda ou fala
e se
do corpo mais nada houver para louvar
que
seja a alma a exaltar
e
mesmo que a fala se cale
leia-se
o que escreveu
e
interroguem-se
se
cada palavra significar um segundo
na
vida deste mundo
então,
viveu para lá de marte
bem
sei
bem
sei que tenho que gostar de mim
mesmo
que me apeteça não gostar
não me
posso renegar
porque
quando me olho ao espelho
vejo o
meu pai a dizer: gosto de ti
e é
quando eu olho para mim
como
se não pudesse olhar para mais ninguém
como
se o mundo fosse…
só meu
e do
espelho com o meu pai
que se
fingiu de morto
para
me ver crescer assim como sou
bem
sei
bem
sei que o mundo não é o que penso
é o
que sinto
e o
que sinto é tão estranho
que
prefiro não pensar
naquilo
que sou quando sinto
não
fosse eu um dia gostar do que sinto
naquilo
que sou
e sou
tão pouco
para
gostar de mim de outra forma
que
não esta que sou
bem
sei
bem
sei que todo o caminho
se
confunde entre o certo e o errado
e se
todas as incertezas
passassem
a certezas
o que
seria então do que sou…
não
seria
e
quando me olhasse ao espelho
o meu
pai teria partido
seria
então outro
que
não este que me fez
ser o
que sou
bem
sei
bem
sei que para ser o que sou
sempre
a cabeça sonhou
e se
marte fica ao pé de uma vírgula
a lua
era o meu ponto final
e a
culpa
era
afinal de quem
do que
sou
ou do
que gostava de ser
nunca
saberei
creio
que a culpa é apenas
a
culpa de ser quem sou
e se
assim é
nada
posso fazer
se me
desfizesse desta culpa
deixaria
de ser o que sou
bem
sei
bem
sei que sou o que sou
e mais
nada serei
porque
se não fosse este que sabeis
seria
outro muito diferente
e quem
sabe…
não
gostaria eu de vocês
e
diriam então:
coitado
antes
o quero como o sampaio
não é
grande coisa
mas é
o que é
e quem
assim é
a mais
não é obrigado
bem
sei
bem
sei que nunca deixarei de ser quem sou
mesmo
não gostando do que sou
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