.................................................................................não tirem o vento às gaivotas
22/01/2020
16/01/2020
fumar fode as moscas
imagem google
sábado. com cheiro a libertinagem.
envolvido em aromas açucarados de uma pastelaria. daqueles que fazem
engordar só com o olhar. sorvo delicadamente um expresso com toda a
tranquilidade quando dou de olhos com uma mosca: verde. ranhosa.
barulhenta. olhos enormes. voava em círculos fechados sobre um aglomerado
de pasteis de belém – na mesa ao lado um turista americano. creio que
cubano. fumava um havano cohiba enrolado à mão e tal como eu seguia
atentamente as acrobacias da mosca – o fumo era mais do que muito e rapidamente
percebi que a mosca. sendo kamikaze. estava em dificuldades para
atacar com acerto a pastelaria exposta – uma cortina sinistra de fumo era a
última defesa do sortido da pastelaria e a inalação de monóxido de carbono a
sua arma secreta – rapidamente aprendi que a melga voadora se iria foder – e
assim foi. o insecto. com raiva. rompeu pelo gás e não se sustentou.
descontrolou-se. ziguezagueou. perdeu altitude e atitude e.
num ápice. entrou em espiral desgovernada. tomou a direção do
granito e… ouvi um barulho estranho e logo percebi que a turbina tinha explodido
– salta uma asa. um mícron de segundo à frente. perde a outra e
última asa. acabando por se estatelar dentro de uma chávena de café
pingado de uma velhinha que. por usar adoçante. tudo apontava
para que sofresse de diabetes – salvou-se a baguete francesa torrada com
manteiga sem sal. por um triz tinha-lhe apanhado todo o pequeno almoço –
fiquei estarrecido. mas há males que vem por bem – peguei no telefone e
liguei para a TAP [transportes aéreos portugueses]. pedi para falar com o
comande fernando pinto e. emocionado. relatei-lhe o que tinha acontecido
com a mosca – por favor não deixe ninguém fumar dentro dos aviões. o
dióxido de carbono fode-lhe os pilotos – assim nasceu os voos verdes e o fim do
fumo dentro dos aviões – escusavam de gastar mais dinheiro em simulações.
é o fumo que atira os aviões todos para o caralho – agradeceu-me.
senti-me satisfeito. fiquei com aquela sensação de que me tinha tornado
num herói. devo ter evitado umas quantas mortes por esse mundo fora – mas…
não satisfeito. e num flash iluminado de saber. liguei para o
dono da tabaqueira portuguesa e disse-lhe: têm que por nos maços de
tabaco mais um alerta. fumar fode as moscas
joão surreal – 25 de abril de 2010
nota de autor:
joão surreal foi um personagem
criada pelo josé luís. enquanto
usuário frequente do luso poemas*.
para um tipo de textos humorísticos – o escrito era redigido sem grandes
cuidados estilísticos e gramaticais.
o importante mesmo era a excentricidade humorística da história e a
interatividade do personagem com o leitor – o leitor comentava o texto e no
mesmo dia o joão respondia com mais humor e com nova argumentação ao texto
original. o que originava uma sucessão de respostas e contra respostas –
uma história em movimento que não terminava enquanto os comentários não
terminassem – foi um momento engraçado que durou pouco tempo porque os
comentários tornaram-se em demasia para a disponibilidade do joão – a dada
altura as noites já não eram suficientemente longas para responder a todos os
comentário. fui obrigado a calar
esse puto reguila – foi uma experiência gira que deixou muita saudade – ficou a
promessa do joão do seu regresso logo que se reformasse – ainda faltam uns
anitos – e porque fui feliz com o joão surreal lembrei-me de partilhar as suas
histórias com aqueles que nunca o conheceram – lembrem-se que os textos eram
escritos praticamente a uma única mão e com uma única passagem para correções –
por isso. não exijam muito do puto.
era bom rapaz mas ainda andava em aprendizagem de vida – tudo aconteceu
em 2009/10. anos loucos no luso
* “site de poemas, cartas e
pensamentos onde você pode deixar um pouco de si.”
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