o poeta - roger-de-la-fresnaye
tenho dias que sem saber escrever
encontro um sonho para contar
dias em que nada sou sem a utopia
daqueles que me impelem a escrever -
são os mestres. os poetas
donos na proficiência de domar letras
e interrogo-me
como seria se apenas eu escrevesse?
seriam letras sozinhas. chorosas
moribundas do desgosto
despidas de emoção
da pureza das ideias
letras privadas do contraste das cores -
e o amarelo. seria verde?
não sei. sei que
o florir dos campos
seriam searas
ceifadas em campos vazios de saber
onde os pássaros voariam
apenas baixinho
e o poeta?
poderá ele morrer
sozinho entre palavras que nunca atracaram?
palavras azedas. onde o pólen
nunca voará -
palavra que é palavra
veste-se para ser ouvida
acarinhada.
açoitada
maltratada.
amada
riscada.
desenhada
ou apenas um aceno
no coração de quem precisa
palavra honrada será sempre de todos
desde que traga com ela
o orgulho de camões -
a nós.
contadores de histórias
compete-nos somente
mantê-las virtuosas e belas -
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