google - marcelo rebelo de sousa
gostava de
ser como o professor marcelo. marcelo rebelo de sousa – dizem os amigos. inimigos
também. que o homem é inteligentíssimo. um reconhecido génio lusitano. feito
comendador da ordem militar de santiago da espada e da grã-cruz da ordem do
infante d. henrique – estamos perante um homem de uma lucidez rara. com uma
rapidez de raciocínio pouco habitual no nosso meio académico e político –sempre
ouvi dizer que homem inteligente é aquele que se conhece a si mesmo – pois bem.
o professor acumula este dom com o de conhecer ainda melhor os meandros da
politiquice nacional – sempre que aparece na tv o professor parece um gaiato.
com uma energia de fazer inveja a qualquer catraio – não há uma único sinal de
cansaço tanto no argumento da retórica como na línguagem gestual - do primeiro
ao último minuto do programa o professor marcelo é um autêntico “showman” – o
professor é terrífico. faz ainda questão de alardear perante os seus
admiradores que apenas necessita de dormir duas horas por noite para se manter
em plena forma física e intelectual – na hora de almoço é vê-lo a dar uns
mergulhos na praia de carcavelos. com chuva ou sol. inverno ou verão lá vai o
homem como se fosse um homem do mar – é ele que dá força àquela velha teoria de
que todos descendemos de um marinheiro – uma fura nas ondas. duas braçadas a
favor da corrente e lá sai o sr. professor da água purgado de todas as maleitas
de envelhecimento precoce – manuel de oliveira morreu novo quando um dia fizermos
as contas entre os toque de finados – para completar esta panóplia de bênçãos. dizem
os que com ele partilham a intimidade que o professor catedrático dita duas
cartas ao mesmo tempo sem que em momento algum se confunda. mantendo sempre a
postura do corpo. o brilho do raciocínio. a fala eloquente e a emoção gestual –
marido. pai. professor universitário. político e por fim. comentador político na
tv - a hora de marcelo rebelo de sousa. programa semanal de sua
responsabilidade – estamos perante um verdadeiro sobredotado lusitano – gosto
de o comparar a um automóvel topo de gama – um ferrari de versão esmerada.
vermelho. cupê de duas portas e com um motor 3.6 litros V8 de 400cv de
potência. acelera de 0–100 km/h em 4.3 segundos – uma loucura de carro – só
para gajos com unhas. o motor de oito cilindros leva-o ao fim do mundo – uma
bomba atómica com quatro rodas – é aqui que deprimo. afinal a minha
inteligência não passa de um comercial de dois lugares comprado em segunda mão
– junta da colaça rachada. vielas gastas. escova limpa vidros a nada limpar.
retrovisor embaciado com tudo o que ficou para trás. e o “démarre” afogado num
cheiro a gasolina que deixa antever uma explosão da “voiture” a qualquer
momento – eis o que é. fumo negro em escape
que já não filtra o bom do que é mau. e a caixa das velocidades presa a uma marcha
atrás que já não me deixa fazer nenhuma estrada em frente – ao volante. uma
condução de raiva. o limite de velocidade nunca se aplicará ao meu cérebro –
resignado. acolho-me sem medo. abraço o que posso fazer com gratidão aos deuses
da fortuna. e olho o amanhã com esperança limitada para o corpo que me calhou
em sorte – estou demasiado gasto para qualquer conserto. já não há peças de
substituição – sou assim. o que não tem remédio remediado está – estou a ficar
um caco – as noites começam a ficar cada vez mais pequenas para pensar –
resta-me a escrita e pouco mais – escrevo então. enfim. é noite. e sendo assim.
tenho que aproveitar todas as ideias que andam por aqui em fervura – bem sei
que são tipo geiser. o repuxo já só aparece de hora a hora e com tendência a
piorar – sou o que me calhou em sorte e a mais não sou obrigado
nota - este texto tem mais de
dois anos e por esse motivo não faz nenhuma alusão ao candidato presidencial marcelo
rebelo de sousa
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