foto - sampaio rego
bem que deixo o corpo partir pela
corrente de água do que penso – depois. chegado ao fim do percurso. olho para
trás. e dou conta de que tudo o que escrevi foi unicamente trabalhado pela
força da água. arrastou ao acaso as palavras. e eu iludido a imaginar que eram
as mais certas – desilusão – e aqui começa o desespero – volto atrás. corto
palavras. risco. modifico. altero. recupero memórias e deixo partir tudo na
mesma linha de água – reescrever é sofrimento. desespero. agonia. frustração e
a água cada vez mais transparente. mostra o caminho tal e qual como é – levanto
as mãos aos santos em quem não acredito e pergunto: se gosto de escrever porque
não me destes vós a arte e o engenho de escrever o que sou em harmonia com o
meu corpo – revolta – não sou como aquela mãe extremosa que é atraiçoada pelo
amor. ao contemplar o seu filho feiinho sorri com o único sorriso verdadeiro do
mundo. e os seus olhos. sem mentir. dizem que é o mais belo – tudo o que faço
está aquém do belo que imagino – mas a luta continua. sempre – obrigado e um
grande beijo
comentário para uma amiga - mulher de 1 texto só
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