salvador dali
estávamos afinal os dois doentes: um ouvia para nada ver. o outro cegou para não ouvir - fora desta caixa mágica esquizofrénica deixei ficar os beijos. entrego-os em mão como carteiro e digo: são flores meus leitores – vestido a rigor. camisa cinza aberta até perto do umbigo. deixa ver tudo o que é entranhas. entre os pêlos hirtos do peito sobressai o cordão de ouro com um cristo pendurado pelas orelhas – está de castigo. digo eu – na cabeça um boné de basebol com um bordado a letras vermelho vivo: puta vida – o carteiro fica sempre doido duas vezes – depois. sem que as palavras estivessem autorizadas a sair dos olhos. parto com a caixa amarrada às costas – esfrego-a vezes sem fim mas não há génio – só reconheço o mau génio desta doença que me mata: pensar – e a cabeça a cair –
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