tamara de lempicka
a minha
cidade não é nova york. nem tóquio. nem londres. a minha cidade é do tamanho do
meu país. pequenina e encravada entre montanhas pequeninas – para os
metrossexuais das grandes cidades do mundo a minha cidade não passa de uma rua
gigante – raramente se vê no meu burgo um
desses homens modernos lotados de autoestima – para este homem. belo. o bem-estar
do corpo e da mente são fundamentais para alcançar uma vida saudável e mais
longa – cremes. perfumes. depilações. barba bem-feita. cabelo tratado e
finalmente a excelência da roupa assente num corpo também ele forçado à
elegância – o ginásio é a sua segunda casa e os alteres erguidos em dificuldade
exibem o peso da vaidade – para trás ficou definitivamente a ideia dos nossos
pais de que homem que é homem cheira a cavalo – finalmente um homem rivaliza com as mulheres
na estética. nos cabelos. na maquiagem. na pele. nos perfumes. na saúde e bem
estar – há um novo universo macho – este
novo modelo de homem das cidades modernas parte à conquista do mundo. sem medo
e sem vergonha das transformações – leva com ele uma nova mensagem masculina: criatura
moderna. cavalheiro. delicado. simpático. exigente. urbano e consciente de que
o seu lado feminino é agora uma conquista definitiva do homem contemporâneo – sempre
preocupado com a projeção da imagem parte para o galanteio das miúdas
seguríssimo da sua sexualidade – se nascesse hoje seria muito mais do que
metro. mas como nasci há muito tempo sou apenas uns centímetros – bem
medidos como diria a minha mãe quando na mercearia pedia: dois quilos de maçãs
bem medidos
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