.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

25/04/2020

há pão neste meu abril





foto -google




o padeiro do meu bairro. homem honrado pelas mãos que há muitos anos dá forma ao pão. lamentava-se que tinha perdido o cravo vermelho de abril que. com carinho e gratidão. tinha aconchegado à lapela da camisa branca – estava triste. não era um cravo qualquer. e a cada interrogação dos seus clientes para a falta do cravo revolucionário. logo se aprontava a dar uma explicação que não era explicação. era tristeza – chegou a hora do almoço. e na mesa que sustenta a minha família. que um dia jurei proteger. estava o pão que o padeiro amassou para o meu abril – abri o pão. e do seu interior brotou um cravo vermelho. brotou um grito de liberdade – fez-se abril em minha casa. afinal eu sou um filho da revolução – há pão neste meu abril. mas ainda não há o abril que sonhei para todas as casas – há muito para fazer. há imenso para gritar. mesmo que hoje seja dia de festa



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