com o sol de volta renasce a manhã – ergo-me das trevas. espreguiço-me.
chego-me à janela. olho o céu como quem quer medir a distância entre
a terra e os milagres. sorrio… e por ali fico a existir sem
querer saber nada do que dizem os astros para o dia de hoje – apetece-me unicamente
viver. aceitar o destino e inspirar o mundo – adoro estas manhãs em
que olho para o futuro sem me preocupar com o destino e. tal como disse
nelson mandela. “Seja qual for o Deus, eu sou mestre do meu destino e
capitão da minha alma.” – hoje. também eu me sinto mestre e capitão da
minha alma – a imensidão do céu azul liberdade de tomie ohtake disputa a luz
com o castanho infantil dos meus olhos. atrás de mim a juventude e a
cama por fazer. para a frente. o que me sobrou dos sonhos revolucionários
e o fim das camas por fazer – a linha do horizonte é sempre ténue e dolorosa para
quem acaba de acordar para o erro. para o sacrifício. para
a resiliência e para o combate diário corpo a corpo. não
fosse eu um sobrevivente da revolução de abril – olho o fim do mundo que os
meus olhos alcançam e digo para mim que estou a acordar: se o mundo é
assim tão enorme como dizem. porque será que me sinto sempre tão apertado.
tão acanhado. a sufocar. como se o céu a todo o
momento me pudesse cair em cima da cabeça – agora percebo bem o medo do obelix.
também ele andava sempre apavorado que “le ciel lui tombe sur la tête”
– não nasci nem vivo em gália e também sinto que o céu me pode cair a todo o
momento sobre a cabeça – sorrio num jeito de deixa para lá. hoje não me
quero aborrecer. afinal o dia até está bonito – sei e sinto que mereço este
dia – para me despedir deste céu que me guarda o infinito. espreguiço-me
até tocar com as pontas dos dedos nas paredes do mundo e parto em direção ao polibã
a cantarolar grândola vila morena. do nosso amado zeca afonso – atiro-me
para debaixo da água “muy caliente”. digo uma dúzia de palavrões
e reafirmo: fascismo nunca mais. o povo é quem mais ordena – eu faço parte do
povo – lavo-me dos pesadelos da noite e prometo a mim mesmo enfrentar o meu
destino com briga. “é melhor morrer pelo fogo. em combate.
a morrer em casa. pela fome” [fidel castro] – enrolo-me num
toalhão estampado com um cravo vermelho de abril. dou duas lufadas de
bafo quente para o espelho e desapareço – às vezes não me suporto. mas
não é o caso de hoje – limpo-o com a ponta da toalha e dou comigo a brilhar.
a sorrir e com a barba aos saltos de um lado para o outro – é a minha barba
revolucionária da manhã. um pelo virado para a esquerda e outro para a
anarquia – um homem lavado é sempre bonito – sinto-me enorme. poderoso e
pergunto-me: será que é hoje o dia certo para vestir a t-shirt do che
guevara – penso duas vezes. olho para mim novamente… e. tudo
como dantes: sorridente. barbudo. enorme e poderoso – com
convicção digo para o gajo do espelho: é hoje que vais vestir o raio da
t-shirt – sei muito bem o que vale uma revolução. já vivi as suas falsidades.
contradições e ilusões – a democracia chegou à minha adolescência
exatamente como chegavam os propagandistas às romarias: carregados de
quinquilharias para vender ao preço da uva mijona – eram os
famosíssimos vendedores da banha da cobra e na verdade. tudo o que
impingiam. era muito mais do que produtos de baixa qualidade. era
magia. era o ressurgimento do milagre
da multiplicação no mundo contemporâneo. era a troca de uma nota por um
saco a abarrotar de coisa nenhuma - tal como os políticos - a ladainha era
sempre a mesma. com uma voz firme e uma oratória previamente treinada.
enérgica e objectiva. tomava conta da vontade do cliente que ficava
como a serpente do encantador: estacado e encantado. a sua única
motivação era deitar a mão às pechinchas – estes homens subiam para cima das
suas caminhetas. levantavam o tolde de lona e logo apareciam umas quantas
“rumas” de cobertores. bem empilhados. com as cores organizadas
num degradê harmonioso e mais outros mil e tantos produtos que ninguém sabia
para o que serviam – ajustavam à boca um micro preso ao peito. protegiam-no
com um lenço de mão para absorver os perdigotos. davam três pancadinhas
e começavam os testes: um dois três.
um dois três. um dois três quatro cinco…
seis mil cobertores vendidos. e logo de seguida. para não perder
nenhum romeiro. numa voz poderosa a imitar os primeiros locutores da
rádio. começava a propagandear os seus produtos com a arte dos grandes mestres
da oratória – eram homens cansativos. não se calavam um único segundo e
o romeiro nem tempo tinha para se questionar porque estava ali estacado.
e quando despertasse do encantamento. estava sem a nota de mouzinho da
silveira – o propagandista era um homem astuto e matreiro. e para que os
romeiros se sentissem mais tranquilos e confiantes. apontava-lhes o dedo
em riste. percorria-os um a um. agora numa locução meiga e doce e.
benzia-se com um olho na fé e outro nas notas de quinhentos – comunicar com
doçura era a sua arma secreta para apanhar na sua teia comunicacional os clientes
mais difíceis e desconfiados – era chegado o momento para juntar à doçura uma
laracha inofensiva e quebrar pelo humor o gelo dos mais resistentes:
-- estamos nesta romaria também a pedido
do seu santo padroeiro… não fiquem espantados! sim!… é
verdade… santo também tem as suas necessidades – o nosso querido s.
judas tadeu. mais uma vez. aproveitará a nossa presença nesta gloriosíssima
celebração em ação de graças para suprimir muitas das suas necessidades – podem
não acreditar. mas os santos também têm frio – por isso é que
aqui estamos todos mais uma vez. para agradecer. para louvar e
proclamar a obra salvífica de deus. que protegidos pela sua imensa
bondade nos permite. mais um ano. estarmos neste convívio
religiosos. alegrados pelos seus feitos e sempre fiéis ao seu chamamento
misericordioso – mais uma vez obrigado meu deus por poder tirar o
frio aos teus fiéis. amém
o suor caía-lhe em bica ensopando a camisa de satisfação.
de paixão. de arte e sacrifício – tanto palavreado. tanta
gesticulação. tanta imaginação e tudo para vender um cobertor – este sujeito
não parava um minuto. talvez use pilhas duracel
mas como vos
dizia. este é também o momento para que o nosso querido s. judas
tadeu. possa adquirir os nossos fantásticos produtos. que. como
sabem. são os mais baixos do universo – já não há milagre que faça
baixar o preço destes maravilhosos produtos – só deus e eu sabemos que este é o
preço justo para a excelência do que trazemos nesta carrinha de quatro rodas que
é o nosso ganha pão – vejam só -apontando para os cobertores-
podem dar a volta ao mundo duas vezes que. nunca encontrarão cobertores
com esta qualidade – saibam que com um cobertor fabricado com esta magnifica lã
nunca mais terão que ter medo às frentes frias que nos chegam da sibéria – o
senhor sabe que falo verdade e porque sou um homem grato aos seus desígnios a
“minha boca anunciará todos os dias vossa justiça e vossas graças incontáveis”
(Sl 70,14-15) amém – este cobertor será a minha ruína – senhores e senhoras.
o que vos peço por este fantástico cobertor será muito menos do que um
automóvel. um barco. um avião. uma viagem ao brasil. um
jantar no pedro dos leitões… este cobertor… este cobertor vai
custar a módica quantia de…
e a multidão em
desordem emocional comprime-se para ficar o mais perto possível do mestre das
vendas – é importante ver bem esse incrível cobertor que desafia os frios
gélidos siberianos – e lá continuava com a ladainha sem anunciar o preço do
cobertor – era assim que prendia a atenção dos romeiros
-- senhoras e senhores. meninas e meninos casadoiros.
vejam só a qualidade deste cobertor de pura lã virgem – com este
cobertor vindo diretamente das conceituadíssimas fábricas da serra da estrela.
nunca mais terão que passar os vossos invernos enregelados – o frio
acabou para sempre. e atenção senhoras e senhores!... para
levarem este fantástico e único cobertor para vossa casa… sim.
vocês vão querer levar o cobertor para vossa casas. não vai pagar mil
escudos. não vai pagar novecentos. não vai pagar oitocentos e
seiscentos também não. vai pagar uma miserável nota de quinhentos
escudos – por apenas quinhentos escudos terá no seu inverno o insuportável
calor deste mês de agosto. será como se vivessem na ilha selvagem das
caraíbas. como se cobrissem com um casaco de vison – uma pechincha…
e mesmo que viva mais duzentos anos. nunca mais terá a oportunidade de
comprar um cobertor com esta qualidade a este miserável preço de uma nota de
quinhentos paus
e sem deixar esmorecer
o desassossego numa multidão que não parava de aumentar. de se empurrar.
o mestre das vendas entusiasmado com a exaltação dos romeiros não parava de
pinchar de um lado para o outro. de gesticular. como se os braços
a todo o momento se desprendessem do corpo – já pouco espaço restava à sua
volta. tinha captado. definitivamente. a atenção dos
romeiros – este homem andava e pulava quilómetros em cima da sua caminheta.
ninguém ficava indiferente à sua resistência física: as pernas.
os braços. os olhos e a língua não paravam um minuto – vender era o seu
sustento. dava tudo o que tinha e mesmo o que já não tinha. nada nem
ninguém o desalentava e. se sentisse desânimo num ou outro
possível comprador. a solução era falar-lhe olhos nos olhos – e ele
fazia-o. arregalava os olhos de tal forma que era como se dissesse: está
proibido de sair daqui sem levar o cobertor – o suor caia-lhe testa abaixo. a
luta era corpo a corpo. romeiro a romeiro. cada cobertor vendido
era um dia de sustento
-- e atenção caros senhoras e senhores. saibam que com
o cobertor ainda levam uma faca de cozinha em aço inox mil e noventa e cinco.
usada pelos famosos ninjas na china antiga. e ainda… e ainda…
mais uma dúzia de copos em cristal da mongólia. e mais… hoje
estou um mãos-abertas… e só porque estou aqui nesta lindíssima terra.
e porque me sinto sentimental… quero que saibam que com este
maravilhoso cobertor… levam esta fantástica faca. estes deslumbrantes
copos. e ainda. e ainda… e ainda… mais um saca
rolhas com um design singular do excêntrico magasin printemps parisiense – hoje
é o vosso dia de sorte
e não sei
quantas coisas mais pela módica quantia de quinhentos escudos – e o povinho romeiro
ali de volta a babar. inquieto. a aconchegar-se o mais à frente
possível. não fosse acabar a mercadoria – todos querem ser os
primeiros a receber o cobertor da serra da estrela e todas as fantásticas quinquilharias
pela insignificância de uma nota de quinhentos escudos – é um grande negócio.
o propagandista ganha a vida e o romeiro leva para casa a ilusão de que fez o
negócio da sua vida. e mesmo não necessitando de nada do que mercou.
sente que foi uma pechincha de ocasião que nunca mais se voltará a repetir – todos
felizes: o propagandista. o povinho e também o santo padroeiro.
afinal de contas é mais um milagre debitado na sua contabilidade. acabando
por subir uns pontos no ranking dos santos e. obviamente. agradar a deus – ele sabe que ninguém gosta
mais de milagres que o seu chefe – e quando anunciava o começo da distribuição dos
produtos não se cansava de avisar. em voz ainda mais encorpada. de
que o stock era limitado – a agitação era total. empurrões e mais empurrões
e as notas de quinhentos no ar em acenos de agonia – era o black friday dos
nossos dias
-- e mais um conjunto para aquele cavalheiro. e outro
para esta menina casadoira e ainda mais outra para esta bonita família. e
esta senhora quer dois cobertores e quem levar dois cobertores não leva uma
faca. leva duas. não leva um saca-rolhas. mas sim dois
e o homem a
desfazer-se em simpatia e as notas de quinhentos em pilha. pousadas num cobertor
com um paralelepípedo em cima não fosse o vento se fanfarronar em democrata e
dividir a fortuna pelos menos abastados – foi mais ou menos assim que chegou a democracia
ao meu país. uns quantos políticos subiram para cima do palanque e
começaram a vender-nos a banha da cobra gesticulando não só os braços mas
também as idiotices – e o zé povo a viver um momento único e histórico.
eufórico. inculto. impreparado e sem maldade para perceber que
estava a lidar não com propagandistas. mas com charlatões – esta raça
escabrosa de políticos camaleónicos não troca cobertores por notas de
quinhentos. trocam votos por lugares numa casa que dizem ser da
democracia e da vontade do povo – mas não. não é a casa do
povo nem de coisa nenhuma. é o
esconderijo legalizado de um grupo de malfeitores que a coberto do voto
democrático duvidoso sonegam o erário público com a maior hipocrisia e
desfaçatez. tornando os pobres mais pobres e os ricos ainda mais ricos e
poderosos – é a toca onde duzentos e trinta bandidos. sem escrúpulos. ano
após ano. nos atulha de mentiras e nos rouba a esperança – infelizmente
ainda não inventaram uma nova ordem política mais competente e justa – temos
que nos aguentar com estes malfazentes. temos que votar nos menos maus.
nos que nos roubam com mais cuidado e vergonha – e o povo iludido na revolução gritava
palavras de ordem como se também eles tivessem derrubado a ditadura – a nossa democracia
acabou com mais de mil privilégios. mas depressa criou outros que por
serem tantos ninguém consegue contar – o mundo das revoluções está repleto de
contradições – uma sociedade livre é uma sociedade desigual. injusta e
discriminatória – mais liberdade é igual a mais horror nas desigualdades – e é
assim que aparecem os desarreigados. os inconformados. os que
precisam de revoluções diárias para aceitar as suas contradições – a revolução
de hoje retificará os erros da revolução de ontem – eu vivo numa revolução
contínua. também eu retifico hoje os erros de ontem e. amanhã.
noutra revolução. já sei que retificarei os de hoje – liberdade.
fraternidade e igualdade são conceitos sustentados pela retórica política
porque em boa verdade nenhuma destas palavras sobreviveria ao produto final das
revoluções – mas como diz nelson mandela: “não existe nenhum passeio
fácil para a liberdade em lado nenhum, e muitos de nós teremos que atravessar o
vale da sombra da morte vezes sem conta até que consigamos atingir o cume da
montanha dos nossos desejos” – é por isso que eu vivo num mundo de
revoluções. o meu vale da morte é diário. e a luta para o
ultrapassar é palavra de ordem – mas o importante é que mesmo nesta democracia
imperfeita o meu país ficou mais justo depois da revolução de abril – o meu
lamento vai apenas para o tipo de gentalha que tem comandado o destino desta
fantástica nação de gente boa e bonita – na verdade. os políticos que
nos venderam a democracia não foram nada diferentes dos propagandistas da minha
adolescência. prometeram-nos um cobertor e não sei mais quantas coisas
que depressa percebemos que não correspondia à verdade – mas quem for sério não
pode nunca dizer que a sua vida não melhorou depois da revolução de abril. melhorou
e muito – estou imensamente grato a todos aqueles que de uma maneira ou de
outra contribuíram para que aquele movimento das forças armadas rompesse
naquela madrugada de abril – confesso que ao fim destes anos todos sou ainda um
resistente de abril. faço parte do povo unido jamais será vencido;
“da força. força. companheiro vasco. nós seremos a
muralha de aço; do trabalho dá pão. repressão não; da
terra a quem a trabalha; medo nunca mais; da paz. pão. habitação;
e viva a liberdade e o MFA [movimento das forças armadas]” – e eu a
crescer com a velocidade dos cometas. feliz. como se as
revoluções existissem para sempre. como se a adolescência se eternizasse
em manifestações e reivindicações e o corpo nunca parasse de gritar: fascismo
nunca mais – mas “adelante adelante”. que a saudade também mata –
amarro nas jeans e enfio-as até que nada sobre das pernas de abril. aperto
o fecho e o botão numa correria. enfio a t-shirt do che. calço uns
calcantes tipo charlie chaplin. viro-me para a porta no mundo que
sustenta os astros e questiono-me: vais a correr ou levas o que te pesa
pela mão? saio a correr. corro como se a revolução me perseguisse.
olho o céu novamente. o azul já não é de liberdade e as nuvens ficaram
mais nuvens – será que o mau tempo está por aí a chegar? talvez não seja má
ideia resgatar o guarda-chuva do bengaleiro – volto atrás. contrariado.
nas revoluções a chuva não molha. reabro a porta da minha única casa.
olho para dentro à minha procura e não me vejo: o mais certo é ter ido
para a concentração da CGTP [confederação geral dos trabalhadores portugueses] na
avenida central – pego no guarda-chuva do 007 não vá a chuva trazer com ela um
fascista tresloucado. na gabardina do detetive colombo. nunca se
sabe se a PIDE [polícia internacional e de defesa do estado] ainda está operacional.
no chapéu e bengala do poirrot.
a vida sorri sempre para quem usa a massa cinzenta. e por último. a
lupa do holmes. envelhecer obriga-nos a ver tudo ao pormenor – e fui
pelo mundo fora como se tivesse acabado de me tornar num revolucionário da LUAR
[liga de unidade de acção popular] – passa por mim. em sentido contrário
o zé povinho com um dinossauro político preso a um cordel. um pato bravo
a fazer quá quá e um elefante branco num show de trapézio. equilibra-se
numa só pata em cima de uma cigarra que não para de gemer. o peso um dia
destes parte-lhe a coluna – atrás. em passo lento e de
vara na mão. o destino a tocar tudo para o dia seguinte vai gritando:
sem cultura não há liberdade – ninguém se mete com o destino. mas eu sou
um revolucionário de abril e trago o che ao peito. sem medo disse-lhe:
estás a caminhar para o lado errado. a cultura com liberdade é para o
lado oposto – olhou-me com ar de poucos amigos. aproximou-se. sacou
de uma faca de ponta e mola e encostou-ma ao pescoço. e numa voz rouca-intranquila.
disse-me: cresce. vai-te foder – sorri e disse-lhe: outra
vez!!!... – virei as costas. olhei para a t-shirt e pensei:
sou mesmo um revolucionário não só de abril. mas de todos os meses – e
segui rua abaixo cantarolando "hasta siempre comandante che. hasta sempre comandante che" – e lá foi o destino à sua vida e eu à minha – agostinho
da silva dizia que a liberdade só existe quando todos os nossos actos concordam
com todo o nosso pensamento – não minha vida os meus actos não concordaram com
todo o meu pensamento. mas uma coisa sei. sempre escolhi o
caminho que pisei e sempre em total liberdade – “hasta siempre”
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