.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

11/06/2016

coluna dos deuses




foto - sampaio rego
 
 
 
 
 

na poesia mora a ilusão.
tantas vezes erguida em colunas jônicas.
personificam sabedoria
e a força da beleza trabalhada a quatro voltas -
em cada volta gira um sonho
talhado para cada mente.
mais ou menos traído
em sonhos rendilhados
dum passado desenhado
a esquadro e a compasso -
giram as colunas.
gira a esperança.
as quimeras? esperam ainda
por deuses férteis -
mas a alma do poeta
continua deitada e chorosa
aos pés elegantes da coluna.
e dos sonhos nunca esquecidos
num chão
nem sempre geométrico -
lá no topo. a coluna toca o olimpo
espalhando sapiência para semideuses
sentados aos lados dos deuses -
partilhavam dizeres e banquetes
sacrificando a mitologia
ao mundo dos mortais -
o poeta que cá em baixo agonia
vestido da mesma dignidade.
lamenta amarrado às colunas graníticas
por não ser “aquilo” que os deuses esperam -
violado na alma
pela culpa das letras
declama em forma de remissão:
por aqui escreve-se assim.
sem ilusão de algum dia escrever diferente -
serei sempre um pequeno trovador
ao cuidado dos humores dos deuses
mas nunca dos semideuses. morrerei por este lugar
onde moram almas “impuras”




Sem comentários:

Enviar um comentário