foto - sampaio rego
na poesia mora a ilusão.
tantas vezes erguida em colunas
jônicas.
personificam sabedoria
e a força da beleza trabalhada a
quatro voltas -
em cada volta gira um sonho
talhado para cada mente.
mais ou menos traído
em sonhos rendilhados
dum passado desenhado
a esquadro e a compasso -
giram as colunas.
gira a esperança.
as quimeras? esperam ainda
por deuses férteis -
mas a alma do poeta
continua deitada e chorosa
aos pés elegantes da coluna.
e dos sonhos nunca esquecidos
num chão
nem sempre geométrico -
lá no topo. a coluna toca o olimpo
espalhando sapiência para semideuses
sentados aos lados dos deuses -
partilhavam dizeres e banquetes
sacrificando a mitologia
ao mundo dos mortais -
o poeta que cá em baixo agonia
vestido da mesma dignidade.
lamenta amarrado às colunas
graníticas
por não ser “aquilo” que os deuses
esperam -
violado na alma
pela culpa das letras
declama em forma de remissão:
por
aqui escreve-se assim.
sem
ilusão de algum dia escrever diferente -
serei
sempre um pequeno trovador
ao
cuidado dos humores dos deuses
mas
nunca dos semideuses. morrerei por este lugar
onde
moram almas “impuras”
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