foto - sampaio rego
alcanço um som.
leve. muito leve.não são harpas
não são anjos
são fantasmas descalços.
sabem-se implicantes
por tão antigos serem
vivem no sótão.
nos medos e segredosde quem nada sabe
inquietam. procuram.
abanam.remexem o passado:
matam as palavras.
as desculpas.
os lamentos.
os choros
ainda vivos.
sofridos no sangrar
dos pulsos
nas sombras da noite
onde sopra uma pitada de luar.
meus olhos sempre criança.
gemem de pavor…
nas mãos uma cruz.
na boca.
um anjo da guarda.
o hábito veste de branco
na luta contra o medo.quando partem.
sem cuidado.
advém a desarrumação.
na parede.
sem mais…um lembrete!
amanhã. à mesma hora!
cerram os suores.
por fim. durmo
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