pintura - antónio parreiras
e aqui me deixou deus
existir. nestas sombras que nunca sei se são minhas - e por aqui passou ele
antes de mim para me servir este pedaço de terra que é apenas uma coisa - sou
uma coisa numa coisa inventada por ele - sou coisa morta num chão de outono - sou
uma coisa. demente porque já me dou pelo nome: sou coisa. uma coisa feita de
sombras num amor profundo. tão profundo que do funda desta coisa não há uma
única estrela - fizeram-me assim - este deus que me deixou aqui partiu sem uma
palavra - e eu perdido nesta linguagem indecifrável escrevo esta loucura de ser
coisa - as coisas não sonham
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