.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

03/10/2016

loucos desejos





tela - fernando botero




mãos malditas com loucos desejos
não me fustigueis com o vosso olhar
que. em horas despidas e de sonhos cruéis
sois monstros multiplicados por mil.
silêncios parados de encontro ao nada.


em cada dedo mora uma esperança.
em cada linha cavada uma sina apocalíptica.
dormem ruas ladeadas de luzes insólitas.
calçadas de sonhos perdidos e idiotas
onde o peregrino teima em andar


sonhos que escutam desespero em mudez. 
escutam? sim.... o ruído de letras a nascer.
onde percorrem braços inertes de sofrimento.
partilham um coração que bate poesia    
desaguam dor em dedos revoltosos


queria ter algibeiras que fossem prisões
deixar-vos agoniar com a falta do olhar.
pois sois mágoa parada num trilho de escrita
onde morrem  as mãos vazias de saber


deste inferno diz-me a voz da rua que dorme
em miradouro onde a beleza é o precipício; 
se olhares.... se sentires…. se escutares….
talvez um dia…. quem sabe hoje até…


descobrirás. que se morre de ambição.




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