…não adianta. todas as palavras estão diminuídas pela leitura do teu texto – não vou mais escrever. vou apenas olhar cada imagem que me cravaste aqui no canto dos olhos – o barco – nem me disseste a cor do barco. se calhar porque me imaginas gaivota. ou daltónico. inábil para distinguir o verde que sempre trazes quando escreves – talvez não me consigas imaginar a remar. com dois braços de chumbo. ou então. sem coração. incapaz de ver uma estrela que afinal sabe dançar – mas o barco que me deste é de papel. tem impresso as tuas letras. as tuas histórias. a tua vontade de dizer em cada palavra que o mundo afinal também deveria ser teu – este barco. é como aqueles que no passado eu fazia na escola com uma qualquer folha de jornal. de um dia onde nada se tinha passado – os jornais são sempre passado. como estas palavras quando chegarem a ti serão também o ontem de mim – mas descansa. que a rua que tem o poste de electricidade é também a minha rua. e dessa rua. eu tenho tanto para te dizer – foi lá que encontrei uma pena e um tinteiro que me obriga a escrever todos os dias. vou escrever – vou escrever um lugar onde tu possas descansar. um lugar com gaivotas.
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