.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

17/07/2010

triste porquê?









escrevo com os pés e tenho um ninho de gaivotas atrás de uma orelha - falo por gestos na tentativa de fazer sons e acabo por matar o silêncio - um desastre - estou em negociações para comprar duas mãos em segunda mão e duas rótulas em titânio para me dobrar a cada pôr-do-sol – ofereci-me como voluntário para ser louco na minha terra. não aceitaram - dizem que não tenho estudos para tanto. disse-lhes que quase era poeta. até tinha uma amiga que tinha nome de mar. como este que todos os dias me cobre de sal – riram-se todos – olharam-me como se eu fosse normal – desesperei. meti a mão dentro de mim. arranquei o fígado que já não purifica coisa nenhuma. cortei-o às postas chamei os leões marinhos e atirei-o para o meio de gente culta – foram comidos por uma história que bem podia ser a minha. quando nasci. também podia ter sido cortado às postas. talvez depois de me terem dado uma sapatada no rabo – a parteira. bruxa no pós-parto. tentou mas foi proibida pela legislação. não se pode bater em indefesos - ainda hoje uso com frequência esta lei. também gosto daquela lei que diz que todos aqueles que não pensam são inimputáveis – loucos como eu – tenho pena é de estar tão só - toda a gente me parece tão normal



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