.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

05/07/2010

uma conversa com a mar









não ficas só mar. esse mar onde vais lançar a âncora também é meu. tenho por detrás daquela rocha enorme que te tira o sol uma dor enterrada – dou-te metade dessa ilha minúscula no meio do nada para poderes enterrares as tuas dores – mas não podes enterrar as dores todas. tens que ficar com algumas debaixo do pé direito. temos que conversar – também eu digo ao mundo que há uma razão para escolher as palavras – mesmo quando as mato tenho uma razão – às vezes a razão é uma solidão que mora dentro das multidões – mora num corpo que vê dento o que não há fora – este corpo chulo tira-me tudo. vende-me. prostitui-me e todos os dias. cobra de mim uma alegria que deixo ficar nos pensamentos que afogo em cada soluço de agonia – estou só. estou e estarei só – tenho apenas uma putas de umas palavras que escrevo por aqui na procura de uma ilha maior para enterrar o corpo todo – um dia juntarei toda a poeira que há dentro de mim e faço essa ilha.



2 comentários:

  1. Recebo um pouco dessa sua Ilha e comungo a vontade de encontrar essa poeira ...
    Que texto bonito!

    "
    ....Olho-me de frente, sei que estou sozinha!

    É violento o silêncio, calou-se o eco das palavras ininteligíveis,
    Vazias, vagas, cortadas...

    O sol pôs-se, veio a noite..

    Coberta pela escuridão, chorei!
    Aquele estágio de inocência desabara,
    A criança, fora-se embora...

    Preciso de Paz, de um lugar protector.
    Olho-me de frente, sei que estou sozinha! "

    Anatomia.

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  2. obrigado pela leitura. hoje estou menos só

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