não vou. às vezes pode parecer que vou. mas não. apenas tenho necessidade de ficar um pouco menos tempo com este homem que escreve o mar e as gaivotas – muitas vezes. tenho que ficar em silêncio. encontrar tudo que perdi enquanto escrevo – sempre que escrevo entrego-me. e sempre que me entrego perco algo que era só meu – eram palavras puras porque nunca tinham ido à rua ver os adultos. puras. porque nunca tinham tido medo de sentir a diferença. puras. porque nunca antes tinham saído para uma qualquer paragem com vento. falésia sem mar e sem gaivotas de asas enormes – depois. fico a compreender se fiz bem em soltar aquelas palavras ao olhar cruel. daqueles que apenas procuram um miradouro para encontrar um prazer efémero – é por estas alturas que falo dias e dias para mim. ouço-me. e tento encontrar a razão para voltar a escrever para quem gosta das minhas gaivotas. para quem gosta de sentir ventos que nunca foram contra-alísios. para quem gosta de sentir a força das palavras mesmo quando elas nascem como furacões – o remoinho de ventos circulares distorce a realidade de quem está sentado na ponta da falésia. sei que não é fácil escutar os ventos – abro os braços. sei que não voo. mas sinto o vento a cortar-me o peito. sinto a força das palavras a emergir. e ao contrário das gaivotas que mantêm os olhos abertos para poderem ascender a um céu que sempre lhes pertenceu. eu fecho-os. para poder descer até aos sonhos que em dia de tempestade me dizem que um dia serei eu também uma gaivota com nome – nesse dia. irei voar sem parar. percorrerei todos os continentes. todos os mares. todos os ventos. e quando não tiver mais força voarei em direcção ao sol até que o calor me transforme numa estrela brilhante.
.................................................................................não tirem o vento às gaivotas
05/07/2010
disse que voltava
não vou. às vezes pode parecer que vou. mas não. apenas tenho necessidade de ficar um pouco menos tempo com este homem que escreve o mar e as gaivotas – muitas vezes. tenho que ficar em silêncio. encontrar tudo que perdi enquanto escrevo – sempre que escrevo entrego-me. e sempre que me entrego perco algo que era só meu – eram palavras puras porque nunca tinham ido à rua ver os adultos. puras. porque nunca tinham tido medo de sentir a diferença. puras. porque nunca antes tinham saído para uma qualquer paragem com vento. falésia sem mar e sem gaivotas de asas enormes – depois. fico a compreender se fiz bem em soltar aquelas palavras ao olhar cruel. daqueles que apenas procuram um miradouro para encontrar um prazer efémero – é por estas alturas que falo dias e dias para mim. ouço-me. e tento encontrar a razão para voltar a escrever para quem gosta das minhas gaivotas. para quem gosta de sentir ventos que nunca foram contra-alísios. para quem gosta de sentir a força das palavras mesmo quando elas nascem como furacões – o remoinho de ventos circulares distorce a realidade de quem está sentado na ponta da falésia. sei que não é fácil escutar os ventos – abro os braços. sei que não voo. mas sinto o vento a cortar-me o peito. sinto a força das palavras a emergir. e ao contrário das gaivotas que mantêm os olhos abertos para poderem ascender a um céu que sempre lhes pertenceu. eu fecho-os. para poder descer até aos sonhos que em dia de tempestade me dizem que um dia serei eu também uma gaivota com nome – nesse dia. irei voar sem parar. percorrerei todos os continentes. todos os mares. todos os ventos. e quando não tiver mais força voarei em direcção ao sol até que o calor me transforme numa estrela brilhante.
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