.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

26/08/2010

estado terminal





 


carrego um mundo interminável de pensamentos. mas o meu cosmos está em desordem – estou zangado comigo mesmo – ontem. tentei falar com uma ferida que trago dentro de mim. sangrou – o sangue desceu-me pelas mãos. queria encontrar um caminho natural para abandonar este corpo que sofre de lepra – as palavras. malditas pelo peso. e pelo espaço que ocupam neste mundo desordenado que habito. nascem quase sempre mortas – trazem dentro de si sentimentos que me fazem chorar – um dia. deixarei o meu corpo morto nas mãos de um louco que saiba esquartejá-lo – quero que ele arranque todas as palavras escondidas neste olhar profundo e magoado – depois. um mago há de me encontrar – dentro daquela velha caixa de costura. haverá uma agulha capaz de remendar minha vida feita de retalhos – meus amigos. aqueles que só reconheço quando contemplo o mar. domarão as palavras perdidas e as libertarão ao vento. soltando-as junto com todas as gaivotas do universo – os outros. raivosos e corroídos pelo caruncho que devora a muleta da língua. morrerão exaustos de me ouvir – e nesse dia. farei questão de convidar todos para o velório da puta da vida. essa que me deixa todos os dias cansado de me coser com linhas que. sendo minhas. não as sinto verdadeiramente como minhas



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