.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

16/08/2010

hora








momentos em que a morte é a única mão amiga – horas em que os olhos sucumbem à dor. e a porta sem luz transforma-se no único farol – nessas horas. é a morte que me obriga a viver cada segundo – é então que corro para o passado em busca de uma razão que me faça adiar o instante final – procuro a eternidade na alegria – ajusto o marcador do tempo com lembranças. enquanto as horas. as meias e os quartos continuam a soar – é assim que adormeço pendurado no desespero: suspenso ao dedo mindinho por uma corda que teci com a vontade de renascer – na ponta. uma bola de ferro que arremessei contra os meus próprios olhos. mantém-me preso a esta falsa realidade – adia a viagem. apenas adia – quero ir para casa – a minha casa está do outro lado. não há como negar – é lá que existo – aqui. nesta imagem invertida. sou apenas um reflexo – sangro. mas resisto tecendo a corda que um dia me levará para onde pertenço – sangro. mas não deixarei de escrever a dor – sou o maior serial killer de todos os tempos: mato-me todos os dias. e todos os dias nasço com um nome diferente – serei feliz algum dia? talvez – mas. não tendo a certeza. trago debaixo da língua uma bala de prata




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