ora cá
estou no primeiro dia do ano. seria um dia igual a tantos outros não fosse a
minha vontade de vos dizer tudo o que sinto – quero-vos bem e sei que não é por
ser o primeiro dia de janeiro –
quero-vos bem porque em minha casa há silêncio-paz e sempre que o silêncio me
encontra eu desbulho da memória um amigo a quem desejo o melhor do mundo – é
janeiro. é ano novo. é um dia de encontros com os meus fantasmas. é um dia do
caraças e eu sem arte para vos abraçar com palavras como queria – se eu fosse
poeta dir-vos-ia que janeiro tem mais encanto com vocês
poeta eu?
o
poeta sobrevive nas vísceras de um cérebro permanentemente insatisfeito – sofre
na busca das palavras que nunca saberá escrever – por mais palavras escritas.
por mais palavras pensadas. por mais que deixe o corpo arder no inferno. nunca
será capaz de ditar às mãos o sofrimento de não as saber escrever – não há
caminho feliz para quem gosta de escrever o que vê
sejam todos muito felizes neste
novo ano e não se esqueçam de me levar nos vossos sorrisos