.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

13/11/2012

suportação




josé maría velasco




quando temos várias vidas dentro de um único corpo não é fácil dividir [às vezes impossível] as urgências de cada eu – “o corpo aqui”. no meio da escrita. do estudo. do conhecimento. do aprender. do guardar da memória. do fazer acontecer palavras sem magia. do louco que ouve os loucos a falar e o eu a escrever tudo como se tudo fosse um tesouro – escuto com tudo o que o corpo tem para escrever. duelo. 40 passos e tudo se resume a um tiro certeiro – morro de alegria. as palavras são balas e as metáforas ramos de flores que adornam a esperança – “as mãos entre a vida e a morte”. esgravatam as ideias. procuram o saber de um eu que tem por obrigação fazer pão – sem pão não há vida e sem vida não há palavras – há desabafos que são gritos de raiva



03/11/2012

a falar com




josé malhoa





 
comentário do meu colega uesus ao meu texto “apalavrar”:


A angústia (existencial?) do escritor perante a exigência do seu ofício/arte e tu exiges-te e és exigente na arte de bem escrever!

E sabe bem te ler! (sempre)

abraço, sampaio rego (és tu!)



assim respondi:

os elogios são sempre terríveis para quem gosta de escrever – primeiro tocam campainhas de satisfação. depois. e quando o corpo retoma a forma do artesão. permanece um ruído que mais não é do que um zumbido escrito nas mãos para sempre – o medo de errar é cada vez mais uma dor e o trabalho uma canseira insuportável – o conceito do mais certo e do belo está sempre associado ao momento – estou agora no momento do zumbido