há um silêncio
que vive dentro de tudo o que penso – a boca serve para mastigar a fúria das
palavras que não digo – nos dias em que o contrário de satisfeito me encontra. baixo
a cabeça – por detrás do reflexo. a sopa. cada vez mais fria. cada vez mais
incapaz de aquecer as palavras. sempre mornas – revolvo – há um vai e vem entre
a moela que trabalha com grãos de sensatez e o céu que não encontro à boca – há
um inferno – ainda tenho palavras para dizer – escrevo – um dia hei de morrer
sufocado neste meu silêncio – há quem pense que digo tudo. não digo. o silêncio
é sempre mais forte. e os homens sem ouvidos foram sempre muitos – talvez não
saiba contar. talvez nem todos fossem homens – talvez – estou a apagar-me. quero
apagar-me. os dentes. estes. aqueles. não mastigam o suficiente para acabar com
o silêncio dos homens que invadem os dias. agora os dentes já não são apenas estes
ou aqueles. são todos - há um passado com homens. tinham horas. minutos e até
segundos. eram homens de todos os meus dias – há ainda um silêncio vivo. mas já
não é aquele. nem este. é tudo. é tudo silêncio – ainda – um dia serão palavras
.................................................................................não tirem o vento às gaivotas
07/06/2011
as palavras que o silêncio guardou
fernando montes - boliviano
o pintor do silêncio
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Eu nao sei pq mas nao estava conseguindo te comentar,um texto forte, como que gritado da alma... eu ja te falei qeu admiro muito a sua escrita? é perfeita. parabéns abraços poeta.
ResponderEliminarobrigado - a força das tuas palavras ajudam sempre a escrever. sempre - obrigado amiga
ResponderEliminarPensei que estava a ler, mas eu estava a ouvir. Sampaio, suas palavras quebram o silêncio.
ResponderEliminarhttp://israel.revistacrase.com.br
obrigado israel - escrever é fazer alegria nos meus dias. saber que me ouvem é dobrar a alegria com que escrevo - abraço
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