viver é
consumir o tempo da vida. nada mais
21/01/2018
eu e: a minha circunferência
quase
tudo por dizer e eu perdido entre um quarto quase quadrado e o instante nove – perdido
ou não. será neste quarto quase quadrado
que continuarei a procurar a essência das coisas em mim – busco o autoconhecimento
e procuro em todas as coisas o que elas realmente são – reflito com cuidado.
aceito-me com incertezas e afirmo-me como um ser que é como é porque a verdade
não me deixa ser outra coisa para além do que sou – penso. sou único e indivisível mesmo quando a minha consciência se
divide entre a verdade das coisas em mim e a verdade das coisas fora de mim – sou
uma existência metafísica e procuro explicações em toda a humanidade e. com lucidez. brio e bondade. talvez
aprenda a compreender a minha verdade mesmo que não seja absoluta – é com esta
carência estrutural que me busco incansavelmente porque tudo o que sou está
dentro de mim; procuro-me para além
do que sinto. procuro-me porque tudo
o que sinto não sei se é verdade – e assim digo. como ser racional: sempre
acreditei que para que a verdade fosse realmente verdade bastasse sentir. já
que tudo o que sinto parte de dentro de mim e eu não posso ser mentira – mas
não. não chega. o que sinto nunca chega para que a [minha] verdade se torne suprema. logo. inalterável no tempo e em mim porque todo o tempo é absoluto e
uniforme – juro que não quero ser mais nada do que sinto. tudo que procuro em mim é a verdade em todas as coisas assente no
padrão da minha universalidade – procuro.
procuro a verdade em tudo que sinto porque a quero como a única verdade dentro
de mim e fora de mim mas confesso. temo
não a encontrar. a vida nem sempre
tem método e coerência. se tivesse. não sentiria o que sinto – sei que é na
partilha do que sinto que a minha verdade colide com a verdade do que os outros
sentem. mas não posso calar. não posso ignorar o apelo da minha
verdade para se tornar universal. só
com esta verdade serei eu dentro ou fora de mim – às vezes excluo-me. recuso-me a fazer parte das iniquidades. cego-me. escondo-me em mim com tudo que sinto e desapareço sem tempo para
voltar. mas em momentos mais nobres. atiro-me para o coração do mundo e
faço justiça com as palavras.
magoo-me e sangro a raiva de tudo que não quero sentir – nunca sei se o que
sinto é a verdade eterna ou apenas a verdade no momento – talvez não exista a
verdade absoluta como também não existe meia verdade. talvez tudo não passe de um embuste do criador para me convencer
de que só como ser divino atingirei a plenitude da vida e é obra dele tudo o
que sinto e também o que não quero sentir – seria apenas uma criatura de deus. um ser vivente criado a partir do pó da terra e do barro. missionário da fé e da sua glória. destino apalavrado no dia em que os meus pais. por via do batismo. me
fizeram seu servo e vassalo de todos os seus humores – terei então em todas as
coisas deus. tudo o que sinto. dentro e fora de mim. é unicamente o que ele quer que eu
sinta e mais nada poderei sentir ou deixar de sentir sem a sua permissão –
estou impregnado com a fé de deus. nascido
para a virtude. adverso ao erro. em busca do aperfeiçoamento. do meu e dos outros. amante de todas as criações do mundo. da água. da terra. do ar. do fogo e o inferno é o que sinto sem
saber o porquê de deus me entregar em vida às labaredas de satanás – e sem dar
conta. em busca da minha verdade
absoluta. reapareci como homem de
deus. eu que estava zangado com o
criador desde a morte de meu pai – onde estavas nesse dia? nunca me deste uma
palavra. pregaste-me uma cruz na
memória – nunca fiz nada na vida para te desiludir. procurei-te na verdade porque me ensinaste que só na verdade um
homem encontra o caminho da luz – qual luz? qual caminho? a única coisa que me
trouxeste fui a dúvida e a minha desumanização. renunciei-te para sobreviver – envelheci. tornei-me mais do meu mundo e menos do teu. abandonei a imortalidade e estou-me nas tintas para o paraíso. habituei-me ao inferno. iluminei-me na dor. na misericórdia. e todo o mal será perdoado
com sete palmos de terra – todo o homem é ingénuo e pateta porque todo o homem com
ou sem deus é pateta em algum momento da vida – não sei se sou muito ou pouco pateta sei apenas que neste momento me
sinto enganado. purificaram-me com
água benta estragada. não tinha a
bênção de deus nem o seu caminho. continuo
à procura de uma verdade que não encontro em lado nenhum. nem em deus – raio de teimosia. bem sei que errar é humano. mas só os idiotas é que persistem no
erro. não se pode alterar o que
nasce no corpo por ordem do sagrado – só com a morte saberei realmente com que
verdade vivi a vida. talvez a tenha vivido
em erro. mas ainda não morri. ainda me procuro. ainda procuro a verdade suprema porque já não tenho mais nada
para procurar para além de saber o que realmente sou e porque sou – sei que um
dia a minha verdade será feita apenas do que fui porque o futuro já nada
alterará – nesse momento nenhuma idiotice fará mais sentido. a verdade será aquela que cada um quiser lembrar. eu estarei morto. serei apenas um ser humano frio e parado no destino – enquanto
for lembrado serei sempre uma verdade em vós e em cada um de vós. estarei vivo – com a minha morte morrerá
para sempre a minha verdade. a que
vive dentro de mim – e assim me procuro em desespero. procuro o que está certo.
mais nada do que certo. porque tudo
que está certo nunca poderá ser mentira e um homem certo é um homem de verdade
e essa verdade em si será também verdade nos outros – não há duas verdades
quando há apenas um homem em si e fora de si – só a verdade será capaz de responder
com conhecimento. mas não interessa. sou o que sou quando o que sinto
deveria ser outra coisa qualquer – afinal aonde fica a verdade? sou o que sou pelo
o que sinto. pelo que não sinto ou quando
enfrento o que sou. por sentir que
sou outra coisa – sou afinal o quê? não sei.
palavra de honra que não sei e talvez por isso me procuro em tudo que sinto
fora e dentro de mim e tudo que sinto me faz sentir o que não quero sentir – às
vezes acredito que a verdade suprema só existe no que escrevo pois escrevo
apenas o que sinto. mas também aqui
tenho dúvidas. quando leio de frente
para trás já não sinto nada do que senti e fico sem saber se a verdade está no
que escrevo ou no que leio – a verdade absoluta é uma ilusão e a sua procura o
primeiro sintoma de uma maldição divina ou interestelar. sou apenas um instante pequeno na dúvida do universo – a vida
acontece porque ocorre uma explosão.
uma dúzia de átomos colidem uns com os outros e o tempo fez o resto. o homem aparece – sou o desacerto
dessa explosão. os elementos químicos
baralharam-se na explosão e aqui estou à procura da verdade na essência das coisas. as que estão dentro de mim e também
as que estão fora de mim – sou uma verdade dentro de uma outra verdade do mundo. um tropeção na sua perfeição – estou
arrasado e com medo. sei que o meu tempo
não é infinito porque a morte acontece no corpo e quando um corpo morre leva
consigo toda a verdade – não sei se sou único dentro de mim. talvez sejamos dois. três ou quem sabe mais. mas se o corpo os aceita e se todos procuram o mesmo. então tudo que sai de mim só pode ser
verdade – sou então o quê? e em que percentagem? e onde encontrarei um juiz para
decidir o que há de bom e de mau. o
que fiz bem e o que fiz errado. o
que amei e o que não amei. o que
sinto de verdade e o que sinto que não é verdade. porque seja lá o que for.
uma coisa sei. eu sinto – não sei se
o que sinto me faz totalmente verdadeiro porque não sei se é totalmente verdade. o que posso garantir é que sinto o meu corpo no mundo e a cabeça
prisioneira do que sinto – e se não encontrar salomão serão os que não
compreendem o que sinto que me julgarão? por mais sábio que seja o mundo nunca me
saberá julgar pois sou uma milésima parte desse universo que corresponde a um homem
e um homem não vale por todo o mundo. mas tem um mundo dentro de si – também
não quero ser julgado pelos que me aceitam pois apenas conhecem de mim o que compreendem
e eu sou muito mais – procuro-me cada vez com menos argumentos para dizer que
não encontro a verdade do que sinto. o
mundo afinal é mais do que uma verdade.
é muito mais do que sinto – talvez o problema seja meu. talvez eu não saiba compreender o mundo para além do que sinto. não importa. já não importa o que o mundo faz comigo. o que importa mesmo é o que faço com o que o mundo me faz – faço muito
pouco. só faço o que sinto e neste
momento já não sinto quase nada – sei que penso e volto a pensar mas quando
saio para fora do meu quarto o mundo que pensei não existe e quando me encontro
descubro que também não existo porque nada do que pensei existe e no quarto
quase quadrado todas as dúvidas sobre a existência acabam mortas na incerteza do
que sinto – sou a minha verdade e a verdade do mundo e nunca poderei ser outra
coisa. e a ela terei que me habituar
porque o meu quarto é uma ilha cercada do mundo onde vivo – sinto que quando
escrevo esqueço o mundo. encho-me de
silêncio. entrego-me ao mistério e
parto desferrado para dentro de mim numa interminável agonia. rasgo-me e aguilhoo-me por não
saber escrever o que sinto – quando escrevo procuro-me unicamente no que sinto
porque a verdade não existe em mais lado nenhum a não ser no que se sente – mato-me
de tempo e persistência – mas quando paro de escrever reapareço e tudo o que
sinto deixa de ter valor porque o mundo não sente um homem. o homem é que sente o mundo – é janeiro. e sempre que o janeiro existe sou lembrança e todas as coisas deixam
de ser coisas e todas as gaivotas se apagam no castanho triste dos olhos – mas
quando paro de escrever sou outra vez dezembro porque é no dezembro que sinto o
que não sinto em mais mês nenhum – em dezembro aqueles que amo estão-me
pregados às mãos e não sinto mais nada que não seja o sentir do que sentem por
mim – mas aqui. neste quarto feito
de mim. rodeado de paredes que por
serem feitas de silêncio aprenderam a ouvir-me em tudo que sinto e não sei
escrever – neste quarto quase quadrado vivo uma quadratura em circunferência apertada
com tudo o que sinto e me faz ser o que sou:
sou a minha família. sou os meus
amigos. sou os meus leitores e sou todas
as páginas que escrevi – tudo o resto para vos falar o que sinto não sei se é
verdade ou permanece vivo – aquilo que não amei e não escrevi não sei se existe
09/01/2018
04/01/2018
eu e: as mulheres do meu cunhado
1.
eu e as mulheres
do meu cunhado
atrás de mim. em guarda. dois A4 emoldurados numa geometria escangalhada – o lápis do meu cunhado amantizou-me com dois protótipos de mulheres surreais. estranhas nas formas. indefinidas na beleza – consigo apreender que uma está nua e outra vestida. uma está de costas numa janela escancarada enquanto a outra se encontra rodeada de livros – em simetria apenas um olho negro. e o cabelo ondulado – pouca coisa para duas mulheres que ocupam totalmente a minha parede norte – só ainda não compreendi porque raio é que o meu cunhado lhes pintou um olho de negro. provavelmente para me alertar de que o destino dos meus olhos pode ser o mesmo se não tiver cuidado com a escrita – pensando melhor. talvez seja uma mensagem codificada: desde o dia que levaste a minha irmã que tenho dois murros para te dar – ao certo mesmo confesso que não sei. sei que são coisas do meu cunhado que nem sempre bate certo da cabeça – os artistas são assim. têm devaneios que ninguém percebe. exótico nos traços e na comunicação estética – o meu cunhado é um grande artista com um bonito coração. sei que as suas mãos nunca seriam capazes de magoar o que quer que fosse – mas atenção. não deixa de ser um cunhado excêntrico nos equilíbrios artísticos. principalmente na comunicação das formas e na sua estética – não é fácil tocar bem vários instrumentos: arquitetura. belas-artes. desenho. escultura. tudo isto num longo caminho de confrontos diários com a estética. beleza e realidade – ultimamente resolveu acrescentar às mãos a palavra escrita e confesso que já me surpreendeu – só tenho pena de que sinta a acentuação como uma extravagância das letras – mas esqueçamos os acentos. coisa menor em comparação com a sua maior imperfeição. maior do que uma volta ao mundo em cento e oitenta dias. a teimosia e a surdez – não escuta nada e teima como ninguém – às vezes a herança de família é um fardo pesado – sei do que falo. não é fácil. mas com o tempo habituámo-nos – mas uma mão não lava a outra e em boa verdade vos digo que se fosse um artista ajuizado nunca me entregaria à guarda dessas duas gajas caóticas – confesso que não me encaixo na mensagem estética destes desenhos – a estética é o estudo que determina o caráter da beleza. a harmonia das formas e o seu colorido. nestas gajas estranhas não há. só o negro sobressai no branco do papel – as mulheres do meu cunhado estão enclausuradas numa esquadria isóscele. desequilibrada nas formas por dentro e por fora – são protegidas a vidro antirreflexo. duro. quase inquebrável. como se fossem importantes. e eu. simples mortal. sem nenhuma arte que me engrandeça. sempre que as olho desconchavo-me. percorro-lhes as feições e não encontro ponta de harmonia. confusão é tudo que enfrento – confesso que fico sem saber se a confusão nasce nos quadros. ou se vive no escritório – neste escritório quase tudo é confusão e transtorno. quase tudo é incómodo. quase tudo é sinónimo de desgraça. quase tudo já foi resgatado ao mundo do além – tudo que por aqui sobrevive está na estante com livros à minha esquerda. pela frente continua a janela para o desconhecido e pela direita as fotos que em desespero me amarram a uma esperança que. mais não é. um fio de luz quase imaginário – se o meu cunhado tivesse desenhado a sua irmã. o escritório tornar-se-ia num espaço iluminado. o caos passaria a arte contemporânea. a desorganização. ordem. a janela absorveria toda a arte do mundo. e o negro rendar-se-ia ao branco – para desenhar a sua irmã o meu cunhado não necessitaria de arte. bastava-lhe papel vegetal. um lápis de crayon fino. um par de olhos delicados. uma mão ágil e um pulso firme para decalcar o belo para um papel virgem de tudo – não tinha que inventar a cor dos olhos. bastava-lhe pintar o céu no seu interior. ou a cor do amor. mesmo daquele que é feito com o corpo. com gemidos e no fim aquele abraço que magoa porque sabemos que não é possível dormir nele para sempre – a sua irmã é bela. é harmonia. é chama para sempre. como para sempre são os pássaros que se erguem no nosso olhar quando descobrimos o amor de uma vida – tudo que vive no céu é eterno como eterno fico eu quando adormeço no seu olhar – mas o meu escritório sempre esteve aberto ao mundo e o mundo do meu cunhado ocupou-me uma parede com duas mulheres sem nome. sem passado e sem futuro para além de continuarem a encher uma das paredes da minha vida – que posso eu fazer com duas mulheres que me perseguem silenciosamente? se estivessem de frente era bem pior. com aquele cabelo ondulado. parado. com curvas e contracurvas. em conflito com as sombras. as sombras da luz que me alumia e as sombras do passado que não me largam – estas mulheres. desenhadas pelo meu cunhado numa noite fodida. nunca tiveram uma única palavra que se ouvisse. são mudas para mim e para o mundo. não têm paixão. nem calor. nem ardor. nem tesão. nem nunca se enrodilharam para um único orgasmo colossal – se o meu cunhado estivesse bem. não tivesse tido um bloqueio de arte nessa noite fodida. teria substituído aqueles cabelos tresloucados pelo cabelo da sua irmã: dourado-ouro. comprido. estendido de luz. de bondade. de tolerância. de paz. de companheirismo. de um beijo que arrasta os lábios para mel e ali ficamos a ver-nos olhos nos olhos. e as horas passam a anos que não sabemos nem queremos contar – ao lado da irmã do meu cunhado eu sou um príncipe encantado e tudo porque me entreguei a um beijo sem tempo – um beijo talhado para meu destino final – gosto de a amar. gosto de a ter dentro de mim – se não tivesse tanto dela dentro de mim não saberia que as estrelas só brilham por amor e que as mãos só abraçam o que lhes cabe dentro da sua palma – se eu não a tivesse tanto dentro de mim. nunca saberia que se pode morrer de uma saudade prematura. uma dor anunciada. inevitável – eu amo uma mulher que não me cabe dentro da palma da mão – também um dia o meu cunhado vai saber que o amor quando é grande não cabe dentro da palma de uma mão – nunca nenhum artista se deu por satisfeito ao tentar recriar o amor como obra de arte. fosse ele música. pintura. escultura ou palavra – o amor é maior do que qualquer obra seja de arte ou não – a tua irmã é assim. maior do que a palavra. maior do que a minha palma da mão. maior do que a minha vida – só temos uma vida. mas uma vida absoluta só permite ter um único grande amor – eu tive o meu – mas o meu cunhado numa noite fodida desenhou a tristeza. coisa só possível pelos grandes artistas – já não basta a que carrego de nascença e ainda me trouxe para casa duas mulheres ilegítimas. feias e tristes – que raio de ideia cunhado. estavas com medo que eu atravancasse o mundo com uma escrita maluca e as senhoras seriam a distração – enganaste-te. não sou do mundo. sou só da tua irmã – um dia. quando apanhar o meu cunhado de bem com o mundo. vou pedir-lhe para dar cor aos quadros. colorir as senhoras com um lápis verde-primaveril com laivos de azul criança – há cores que nos seguem como sombras – mas o meu cunhado é um artista ainda em segredo como em segredo está a arte que lhe vem dos antepassados – um artista em que o dom provém dos seus antecessores pode juntar as cores como bem entender. até pode misturar ao azul e verde um toque de lilás-compaixão que tudo terminará sempre num branco branco. inocente e puro como as flores que colhe quando amassa o barro com virtude – um artista só existe enquanto for capaz de sonhar – quero para ele muitos sonhos. sorrisos. quero muitos lápis. uma palete de cores deles. barro e papel de todos as gramagens e aparos mergulhados em tinta aqui e na china. e também na américa e também em angola que foi onde o teu pai e o meu sogro deu tropa – quero que essa arte nascida no teu criador cresça agora nas mãos do teu filho para que um dia ele te possa escrever melhor do que eu – quero que as bocas falem por todo o mundo do que fazes e do que ainda vais fazer. quero que acredites nos sonhos com os olhos abertos e que cresçam em bem-aventurança como os pássaros crescem nos olhos quando estão pintados com a cor do céu – quero que lhes digas por ti e por mim que as famílias só existem porque nenhuma obra de arte é mais bonita de que o amor com que a amamos – eu amo a minha e a tua família. a nossa família. amo também os meus amigos porque sem amigos não somos nada. amo os animais. as flores e as palavras e só não me amo a mim porque o que me resta de amor já só chega para preencher os olhos da tua irmã – nada me separará dela. nem a doença. nem o erro. nem a desilusão. nem a vontade de uma maldição que me ata a uma corda que é descanso – e aqui estou eu preso a uma secretária que me levará com as palavras ao fim – só o que escrevo é eterno – digo apenas o que posso em cada instante de mim
[desejo-te
um bom ano]