.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

31/12/2018

que se foda 2018. esperança para 2019



                                                                      imagem google


que se foda o 2018. que se foda o 2017 que o gerou. alimentou. pariu. e o atirou para mim no último dia de dezembro – estou extenuado deste 2018. eu e todos aqueles que comigo dividiram cada um destes trezentos e sessenta e cinco dias – finalmente 2019 à vista – e agora como será este novo ano? não sei e nem quero sequer pensar em prognósticos – prognósticos só mesmo no fim do ano – no último ano escrevia. na minha boa fé e bem-aventurança. que nada poderia ser pior do que o ano em término – enganei-me completamente – nunca imaginei que fosse possível assomar um ano tão horribilis. nunca mesmo. nem nos meus piores pesadelos poderia prever que 2018 descambasse para níveis tão miseráveis – foi o ano em que confirmei todas as minhas fragilidades e compreendi como a dor pode ser egoísta. uma chave mesquinha que abre todas as portas do inferno – descobri toda a solidão: entre os outros. a diferença. a sem rosto. a que exclui. a que pede fim para tudo. para a saudade. para o perdão e para a redenção – em 2018 percebi que perder os pais é uma fatalidade que nunca será superada [ainda não sou capaz de escrever sobre a partida da minha mãe] – percebi também que a vida vale tanto quanto pesa o nosso sucesso. quando tudo corre bem queremos viver duzentos anos. se corre menos bem podemos partir no dia seguinte sem deixar falta nenhuma – em 2018 tornei-me mais humano. mudei meu jeito de ser. de sofrer e de amar também. talvez isto seja apenas envelhecer – em 2018 só permaneci sem saber se a dor é punição ou purificação – por isso os meus votos para o meu 2019 são feitos em silêncio absoluto. tudo que vier por bem aceitarei com humildade. e o que vier por mal terá o meu renovado haka de guerra: cerrarei com mais força os dentes e bradarei como bradam os neozelandeses. farei caretas horrendas. tão horrendas que. se as visse ao espelho. talvez me assustassem a mim mesmo. baterei com os pés no chão. com as mãos nos cotovelos e esbugalharei os olhos. arquearei as pernas. encherei os pulmões de ar e tornar-me-ei gigante para o medo. para o erro. para a adversidade. para a solidão. para a saudade e usarei todas as artimanhas para enfrentar o que resta da maldição de 2018 – em 2019 por cada passo em frente a memória dos meus antepassados em estandarte. por cada centímetro conquistado a honra glorificada. e por cada gota de sangue perdida o sorriso dos meus filhos a dizer que tudo valeu a pena por eles – a meu lado a companheira de sempre. de mão dada. a sorrir. com olhos iluminados de bondade.  bonitos. caridosos. confiantes e contra tudo. a dizer: yes. we can e tudo o amor supera – hoje sei que a minha força nasce dentro dela – neste novo ano nenhum adamastor me roubará o encanto de a ver envelhecer a meu lado. sei que inventarei um novo sorriso para a fazer feliz – em 2019 quero que a minha família se reagrupe em cada clã. que encontre a sua própria identidade sem nunca esquecer que os nossos pais serão sempre a nossa estrela polar – os meus irmãos são tudo o que me resta. em cada um deles vejo um fragmento de mim e o reflexo dos nossos pais – não os quero perder. mais do que nunca. preciso deles por perto. preciso mesmo muito – prometo que 2019 será o ano dos reencontros – um beijo especial para as sobrinhas que vi crescer em casa dos meus pais: sandra e bárbara. que 2019 vos cubra com o melhor que há no mundo. terão sempre um lugar privilegiado no meu coração – e agora a lurdes. a lurdes é do tamanho do mundo – tudo o que se queira de 2019 para a lurdes será sempre pouco para tanta bondade – sabem os meus avós. depois os meus pais. de seguida eu. que me viu nascer. os meus irmãos. as minhas sobrinhas e agora os meus netos – meu deus – ensinaste-nos tanto e destes-nos tudo. chegou a tua hora. a hora do descanso. agora seremos nós a servir-te – esta é a tua casa e a tua família. estarás ao nosso lado até que deus te sorria – e para terminar. já que a missiva vai longa. espero também que 2019 ajude os meus filhos e suas companheiras a concretizar com ainda mais sucesso os seus projetos de vida. que lhes ilumine o engenho para o trabalho. a arte para o diálogo e a sabedoria para amar as coisas simples – que se continuem a amar. a respeitar e renovem todos os dias os votos de afetividade – e nunca se cansem de alegrar o coração das suas amadas. elas serão sempre o vosso porto de abrigo – nada no mundo irradia mais encanto do que uma mulher feliz – o segredo da longevidade dos casamentos está no diálogo. nunca no silêncio – uma palavra especial para o meu filho pedro. amo-o daqui até à lua – este ano espero que a vida e o destino o ajudem a reencontrar o sorriso. é hora de deixar de fumar e acabar o que começaste no primeiro dia de escola – eu e a tua mãe temos todo o tempo do mundo. esperamos por ti – em 2019 quero que os meus netos continuem a viver a sua infância com muita alegria e que nunca lhes falte o abraço dos pais para se tornarem adultos estimados e bonitos – que “deus” proteja toda a sua família – para os meus amigos quero tudo que há de melhor no mundo. merecem o melhor. a vossa companhia ajudou-me a superar este ano de merda – sem vocês teria sido insuportável – o mundo seria deserto sem os valores da amizade

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seria injusto não referir o que 2018 trouxe de bom:

•      o meu filho do meio trouxe-me uma nova nora – adoro todas as minhas noras. cada uma diferente. cada uma igual – a bela será sempre recebida na nossa família com afeto. gratidão e  de braços abertos – eu e a sua mãe estamos-lhe eternamente gratos por encontrar no nosso filho as qualidades que fazem dele alguém muito especial para nós

•      reencontrei-me com os meus primos da juventude. toni. zé e filipe – foi um jantar e tanto – histórias bonitas relembradas. abraço apertados. laços de sangue  reafirmados – percebemos que jamais nos perdoaríamos se voltássemos a cair na ratoeira do tempo e do trabalho – 2019 será o ano do reagrupar

•      revi o meu tio zeca. irmão do meu pai – foi o meu tio da juventude. um homem bom. tranquilo. sereno como um anjo na terra – amo este meu tio. é tudo o que me resta do meu pai na terra – ele e o meu pai são a verdadeira herança da nossa família 

•      recuperei uma amizade perdida. uma daquelas ausências que ninguém gosta de carregar dentro de si – acredito que finalmente é possível um novo começo. de um jeito diferente – espero que um dia este meu amigo me leia com bondade – estou pronto para me explicar

•      confirmei que as pessoas boas nunca nos abandonam – um abraço especial de um amigo especial: MM

•      já são presença recorrente ao longo dos anos… sempre ali – um abraço afetuoso para carvalho araújo e paulo duarte

 

feliz ano 2019 para todos

e…

adeus 2018. que te fodas bem fodido



07/12/2018

deambulações noturnas XXXV


 ivan kulikov



de quem partiu ressuscita sempre que a minha palavra nasce – por isso. escrevo – escrevo a própria saudade