então.
enquanto a nova pele não adquire defesas. cobrimo-nos com um cobertor que nos
torna invisíveis. e caminhamos pelo mundo em silêncio. pedindo apenas pão e
água para sobreviver. fazendo rolar as pedras dentro de nós. moldando o cérebro
ao desconhecido. amedrontando-o. mutilando-o. dizendo-lhe: cuidado com o que
queres ser. podes muito bem cair pela tua escada de caracol – in eu. e a
vulnerabilidade
21/06/2023
vulnerabilidades - 1
16/06/2023
10/06/2023
flor
estou no céu…
agora. ficarei por aqui
a exaltar-te de um lado para o outro
acreditando ouvir
o rebuliço dos teus saltos altos
sentindo-te em mim
numa solidão absoluta
e é nesta aflição
que este corpo fantasma
te espera…
e também
desespera
mas quando subires ao céu
colho-te
como flor da minha vida
e guardo-te
para sempre neste paraíso
de luz e estrelas
e quando o inverno teimar em voltar
agasalhámo-nos um no outro
e desta vez
ardemos juntos
fazemo-nos luz
e seremos para sempre
a
supernova do universo
07/06/2023
caminho
“aqui ando. sem eira nem beira. a avaliar as incertezas. às vezes
a olhar o universo. às vezes a contar os dedos dos pés. com as mãos
atravessadas no que julgo certo em mim. a suicidar-me pelo que não sei. sem que
nenhum rio me queira levar. sem que nenhum pássaro me queira para descansar.
sem que nenhum mágico me queira fazer desaparecer” – pedras 2 – saudade
01/06/2023
xeque-mate
“escrevo num quase definido. um quase texto – percebi que o tempo
apesar de malévolo levou-me ao refinamento do supérfluo – escrevo – avalio o
tempo ao segundo de um quase – tenho quase a certeza de que vou acabar este
texto um dia – este quase não tem definição. talvez previsão. talvez
adivinhação. talvez ilusão. talvez desilusão. talvez alucinação. talvez um jogo
de xadrez onde o xeque à vida é diário e o mate é uma certeza absoluta –
xeque-mate. e o que há para fazer fica para sempre parado no quase – quase
realizei aquele sonho. quase – não sei explicar o quase – passei a vida
encavalitado em muitos quase[s] e agora resta-me quase nada”