.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

11/07/2023

o nosso max









o nosso max partiu – talvez tenha partido para o céu dos seus. talvez para outra vida. talvez outro universo. outra reencarnação. talvez para fazer feliz outra família num outro planeta – em boa verdade nada sei do pós-morte dos caninos ou humanos – o que sei. é que o max deixou-nos sem mais cuidados – obedece agora à lei do universo. a outra dimensão. mas também sei que onde quer que esteja. levou-nos consigo. nós todos. amamos o max. fez parte da nossa família – se me perguntarem a origem do max eu não sei dizer. o meu filho encontrou-o a deambular pela cidade. ou talvez tenha sido o contrário. o max encontrou o meu filho a deambular pela cidade – encontraram-se os dois. e como todas as histórias de encantar. foram amigos para sempre – mas de uma coisa estou certo. o max tinha uma alma verdadeiramente nobre. coisa de realeza. talvez britânica. ou coisa superior. todo ele era feito de etiqueta – era o nosso rei sol. especial por caber dentro de nós inteirinho – de porte médio. cor de ouro. e nos olhos. duas lanternas acesas de paz. sempre que o olhávamos aumentávamos o hormônio do amor. a oxitocina. e a conexão emocional ampliava-se. fazia emergir em nós um sentimento de proteção e serenidade – a seu lado todas as guerras no mundo faziam um intervalo – o max era o gandhi do mundo animal. não corria. movia-se com elegância. um gentleman. como se o mundo girasse em camara lenta. e ele. naquele vagar. sabia que chegava sempre a tempo de nos glorificar – não ladrava. o que era perfeitamente compressível. para quê ladrar se tudo à sua volta é paz e harmonia – pela noitinha. enquanto eu me escondia no sofá e na TV. o max ali estava. a meu lado. a fingir que dormia. esperando ansiosamente pela hora do seu biscoito. não usava relógio de bolso. mas sabia que a noite trazia sempre a sua merecida guloseima – recebia-a com gratidão. degustava-a com elegância. e adormecia enroscado em si amaldiçoando todos os fantasmas caninos – viveu doze anos connosco. envelheceu connosco. adoeceu connosco. e partiu nos braços do meu filho e da maria joão. em paz por saber que deixou em nós uma saudade-recordação imensa – não há forma de não sentir a sua ausência – o max trouxe-nos paz. tranquilidade. harmonia. silêncio. o max fez-nos bem. tratou de nós. adocicou-nos – a nossa família ficou mais família com a sua chegada – o max foi um dos melhores acontecimentos da nossa linhagem. continua a ser. pois continua a deambular em nós – estamos com saudades… do nosso max 



 

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