às vezes pergunto-me
está tudo a correr bem?
e não sei responder
às vezes pergunto-me
o que tens para fazer?
e os dias correm
como se o mundo estivesse
coberto de trovões
depois…
chega a noite
e pergunto-me
o que deixei por fazer
e não sei responder
sei que o sol alvorou
escondeu-se
talvez atrás do que não sou
e a noite… traquina
escorre para dentro do que sou
é quando sonho com girassóis
e me faço terra
e sou o que brota de mim
um dia girassol
um dia sol
um dia só
e pela manhã
quando acordo sem saber quem sou
leio o que escrevi
com a mão girassol
e encontro o que sou
e esqueço o que não sou
e vou
vestido de terra-amarelo
às vezes para a frente
às vezes para trás
e se de dia vejo montanhas
à noite
vejo palavras
e entre o que não enxergo
e as palavras
recrio-me
e sou o que sou
por bem
ou por erro
e por nada poder fazer
porque o que não sou
não sou mesmo
e sendo apenas eu
sem nada feito
sem nada por fazer
sou girassol-luz
a fazer de mim
o que sou
a sobreviver
a envelhecer aos bocadinhos
para um dia morrer
como nasci
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