hoje é um dia muito especial. celebramos não só o
aniversário da maria joão. que é a mãe dos meus filhos. mas também a vida que
construímos juntos – uma vida cheia de amor. resiliência. e tantas memórias
preciosas – lembro-me como se fosse ontem. era carnaval. estávamos num baile de
garagem. foi ali que lhe pedi namoro – passaram-se mais de 40 anos desde aquele
"sim" e no dia 21 de julho de 1984 juntamo-nos para sempre – hoje. ao
olharmos um para o outro. percebemos que envelhecemos por fora. mas por dentro.
o amor. permanece inalterável. mesmo com as provações que enfrentámos. subimos
e descemos montanhas. enfrentamos dias em que o medo nos tirava o sono e a paz.
mas nunca nos afastamos. continuamos a cumprir os votos que juramos um ao
outro: na saúde e na doença. na alegria e na tristeza. na riqueza e na pobreza.
e assim caminhamos. a subir e a descer imensas montanhas. mas mesmo nas mais
íngremes. encontramos força um no outro para continuar – foi essa força que nos
trouxe até aqui. mesmo com jornadas de muita dor. e com medo que o dia seguinte
fosse ainda pior – nestes quarenta anos. esteve sempre a meu lado. nunca se
queixou. guardou muitas vezes o medo para não me amedrontar mais. ergueu-me
quando estava mais abatido. e curou-me com amor quando o coração se mergulhava em
fel – quando conheci a maria joão acreditei que estava perante uma mulher
frágil. mas como estava enganado. esta mulher que cresceu ao meu lado tornou-se
forte. valente. corajosa. e hoje sei. que sem o seu amor e companheirismo nunca
teria resistido a tantos momentos amargos da vida. sempre que a casa abanava.
tal como sansão. abria as mãos e segurava o nosso castelo. era ali que os
sonhos dos nossos filhos cresciam – hoje é um dia que é só dela. a matriarca
está celebrada e é digna de todas as honras. e não podia deixar de lhe dizer
que a amo. às vezes. falta-me uma palavra à altura desse sentimento. capaz de
dar distância. talvez dizer-lhe que a amo daqui até vénus. que é a deusa do
amor. e de vénus até aqui. onde eu a guardo – de lhe dar tonelagem. talvez
dizer-lhe que o meu amor é de tal modo enorme que pesa como cem montanhas. sem
contar com os beijos e abraços – também um pouco de magia. talvez dizer-lhe que
sem ela a minha vida seria marte. inóspita. deserta e cinzenta. sem pássaros.
sem flores. sem rios a correr para o mar. sem primaveras. sem sol. sem
amendoeiras em flor. e girassóis a procurar-me todas as manhãs – construímos
juntos um castelo mágico. nele guardamos o mais importante da vida: a família.
os filhos. o amor. e o sonho de morrermos nos braços um do outro – com a nossa
união demos vida a três rapazes fantásticos. bons. que amam como nós a verdade.
o respeito. a lealdade. a bondade. o trabalho. a justiça. e a família – o que
há mais importante do que a família? nada – a casa multiplicou-se. chegaram
três noras. que adoramos. são agora também do nosso sangue. dois netos e meio.
um casal que amamos. talvez porque fizeram de nós pais pela segunda vez. e uma
carolina que chegará para maio. mês de maria. e que alegria nos vai trazer.
lembrar-nos-á para sempre a avó carolina. que nos ensinou tudo sobre o valor da
família – a maria joão é uma companheira fantástica. uma mãe exemplar. nós
sabemos bem o preço que pagámos para que os nossos filhos conquistassem a sua
liberdade. foi também uma nora especial. os meus pais adoravam-na.
preferiram-na sempre em detrimento dos filhos. acompanhou-os na doença até ao
último dia. sem nunca lhes negar um carinho. e um sorriso – nada do que somos teria
acontecido sem ela. sempre presente. noite e dia. com uma coragem imensa. e uma
bondade que nos dá o sentido certo para a vida – vivemos os últimos 15 anos
inseparáveis. cada viagem. cada momento no sofá. cada noite em que mexes nos
meus pés. partilhamos todos os risos e lágrimas. fundimo-nos um no outro. e o
que sei mesmo. é que viveremos juntos até o último dia. porque tudo que és.
tudo o que sou. tudo o que construímos juntos é a maior dádiva que podemos
celebrar – que o universo ilumine com estrelas o caminho que nos falta
percorrer. até ao fim dos nossos dias
quando o inverno chegar
se me encontrares frio
aconchega-me
sussurra ao ouvido
o amor que guardas em ti
mas. se nevar
se os pássaros de ruy belo
gelarem nas árvores
se as gaivotas uivarem
se os corvos sorrirem
faz um boneco de neve
do meu tamanho
com um coração enorme
que continue a bater
e. senta-te junto a ele
conta-lhe a nossa história
diz-lhe como te amei
e como o amor nos mantém
nesta separação gelada
e quando o sol brilhar
tu… vais existir
e eu…
na luz que guarda a saudade
dir-te-ei:
vivo em ti para sempre
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