caravaggio
também se faz luto em vida – mergulhado
em chuva e papéis projeto o futuro – peso-me – é fundamental escrever o que não
sei explicar. a margem de erro é uma glosa de compreensão – quem
lê procura conhecimento ou prazer – não sou conhecimento e muito menos prazer. sou
amargura. desgosto. maçada. tristeza. erro. nada mais de que erro – transcrevo
para o papel uma adição antes de o ser. premonição – só assim poderei dar-me ao
respeito. adivinhando-me – somo-me então a um resultado imprevisível numa balança
aferida a olhos visionários. magoados também – ninguém pode garantir o incerto.
sempre ouvi dizer que o futuro a deus pertence – se eu tivesse um deus a alma
não temia. não gemia. não sofria – o contrapeso é a alma perdoada de todo o
erro venial – onde há balança há peso – todos temos um peso não almejado.
mortal – o descanso eterno acontece após a missa de sétimo dia – o peso é agora
memória atravancada entre duas datas: aqui descansa [finamente] o pecaminoso
sicrano. nascido a tantos do tanto de mil novecentos e tantos e faleceu a tantos
do tanto de dois mil e tantos – que a sua alma descanse em paz
* parce sepultis – enterrado.
perdoado
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