.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

01/07/2015

noturno alucinogénico


foto - sampaio rego
   

a noite está terrível. insuportável – não durmo – como sempre. o cérebro desperta com a chegada do silêncio – começo então a pensar em alta velocidade. imagino-me veloz. embora desconheça o ritmo dos outros pensadores noturnos – mas gosto de pensar que sou rápido – só me sinto capaz de pensar em silêncio-escuro. sempre fui assim – defeito. só pode ser. digo eu. e as sombras fantasmagóricas que se prendem às paredes. sujeitando o discernimento a um pânico alucinógeno. invisível. onde a perceção se distorce. fragilizada pelo surgimento de um ficheiro secreto – na noite escura. nunca sei o que é real ou criação – nem mesmo sei se ainda existo. ou se sou apenas uma mera sombra errante num tempo que já não me pertence – talvez seja um espectro. ou uma sombra extraviada no entrelaçar de noites inexistentes – cada pensamento é uma alma sem rosto. um vestígio de algo que já viveu – bem. talvez eu seja mesmo uma sombra. arrastada por um tempo que já não me pertence


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