.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

25/05/2016

corrente[s] na escrita


foto - sampaio rego
 

bem que deixo o corpo entregar-se à corrente de água do que penso – depois. ao chegar ao fim do percurso. olho para trás. e percebo que tudo o que escrevi foi moldado apenas pela força da água. arrastou ao acaso as palavras. e eu. iludido. imaginava que eram as mais certeiras – desilusão – e é aqui que começa o desespero – volto atrás. corto palavras. risco. modifico. altero. revisito memórias e deixo tudo partir na mesma linha de água – reescrever é sofrimento. desespero. agonia. frustração. e a água. cada vez mais transparente. revela o caminho tal como é – levanto as mãos aos santos em quem não acredito e pergunto: se gosto de escrever porque não me destes vós a arte e o engenho. de traduzir o que sou em harmonia com o meu corpo – revolta – não sou como aquela mãe extremosa que é atraiçoada pelo amor. ao contemplar o seu filho frágil. sorri com o único sorriso verdadeiro do mundo. e os seus olhos. sem mentir. dizem que é o mais belo – tudo o que faço está aquém do belo que imagino – mas a luta continua. sempre – obrigado e um grande beijo

 

para: mulher de 1 texto só


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