27/04/2018
23/04/2018
um dia serei livro
um
dia serei livro mesmo que não seja o dia mundial do livro – mas enquanto não
sou livro. enquanto a lombada não se enche de mim. enquanto não concebo o
título e o prefácio se escreve e se apaga. número os dias que escrevo como se
em cada momento me escorresse pelo braço o corte da espada de salomão – e tudo
feito numa palavra-silêncio vil. tão vil como o artista. tão podre como poeta.
tão chula como o sujeito [poético] que escreve o que mata e mata com o que
escreve – o livro cheio de coisas que pode ser nada ou pode ser tudo aquilo que
um homem tem para sobreviver à morte – um dia serei capa. com letras firmes.
redondas. pintadas a ouro e alinhadas numa estética para vender. mágica. a
ilustrar o que não é – do outro lado a contra capa. envergonhada por encerrar
tudo o que é livro. diz apenas o que o autor manda dizer – e o que está para lá
da capa a falar baixinho. tão baixinho que só os pássaros de ruy belo sabem
pousar sobre as entrelinhas de um livro fechado: um dia. todo o livro terá a
hora da morte assinalada como efeméride apoteótica [quase sempre. morre o livro
antes do autor] – para o escritor um livro é um punhal encostado ao batimento
da mão que escreve. é sofrimento e paixão. raiva e sossego. é vida feita
palavra tantas vezes incompreendida. rejeitada. ostracizada e deportada para
uma ilha sem olhos – bonita ou feia cada palavra sozinha é inútil. mas sem
palavras. sem palavras a falarem de si. fazem alimento para uma multidão – um
livro é mais do que uma vida. é a vida de quem o lê – hoje é o dia do livro e
eu continuo sem parir porra de livro nenhum – juro que um dia terei um livro só
meu e os sinos baterão ao nome do seu criador: aleluia. aleluia. salvação e
ressurreição às metáforas porque as portas do céu abriram-se ao inferno da vida
– não importa quantas páginas se agarrem à lombada. não. o que importa é que
será para sempre um livro do mundo. mesmo sem ser mundial – todo o livro
encerra dentro de si um mundo. o do seu criador – mas o meu livro. que será o
livro da minha vida por não ter outra para escrever. será também vil.
ordinário. será cruel. mas também será verdadeiro. guardará tudo o que presta
como o que não presta – o meu livro será injusto. profundamente injusto e justo
também. será fel e mel. e terá letras direitas – será raiva. será de gente que
ainda vive e de outra gente que. por não estar viva. já partiu sem saber ler
nem escrever – no meu livro. aqueles que o lerem encontrarão o que não procuram
e descobrirão que o certo será quase sempre incerto – um dia serei livro mesmo
que não seja o dia mundial do livro. ou do poeta egocêntrico ou mesmo de um
escritor que nunca soube escrever. como quem que. não sabendo ler. folheia
página a página a história que tem na ponta dos seus dedos – um dia. mesmo que
não seja o dia do livro. pode ser até a merda de um dia qualquer. serei livro
contra a vontade do sonho e por cada página escrita entregarei um grito de
clemência e tolerância – nesse dia serei o que o livro quiser. vontade e
ilusão. vontade e vazio ou o nada de nada absoluto e serei também o que cada um
souber ler – um dia. no meu livro. serei mesmo só o que quiserem que seja e. se
não quiserem... também nada serei para além do livro que sou
22/04/2018
depois de abril. antes de maio
um dia
depois de abril
serei apenas
o que sou
e nem mais um dedo
do que sou
e em boa verdade me interrogo
que mais poderia ser
não sei…
talvez encantador…
talvez altaneiro…
ou talvez…
louco
se me arrogasse
num pedestal
e vos cantasse
que sou mais
do que vos fala
esta
boca intranquila
mas aqueles
que antes de maio
dizem que nada sou
um dia
que não sei quando
mas será sempre depois abril
dirão
que sou este mundo
e ainda outro
que não sei onde fica
lá terão
as suas razões
que
não serão nunca as minhas
sejam de mil
ou
apenas de um de abril
dirão que fui bobo
e tolo
também
mesmo que não saibam
verdadeiramente o que dizem
porque tudo o que sou
não está na razão
está no que
não sou
e não sou tantas coisas
20/04/2018
deambulações noturnas XXVIII
18/04/2018
xerife de mim
quarta-feira. estou cansado da idade. todos os
dias mais velho. todos os dias a andar para a frente. para a frente do inevitável.
do fim do papel. do lápis. dos leitores. dos amigos. dos filhos. da minha maria
joão e desta vontade de vos falar escrevendo – hoje. dezoito de abril de dois
mil e dezoito. mais uma vez vestido de meio cowboy. estou na escola gulbenkian num
carnaval de catraios e fantasias – o mundo completamente perfeito. mascarado de
alegria. intenso nos sorrisos e nas notas de um piano de cauda que continua a tocar
mesmo que hoje nada se ouça – e eu parado na foto. como se não houvesse tempo
entre aquele dia e o momento presente – viajo: os mesmos olhos negros. o mesmo
jeito do corpo. as mesmas mãos caídas como se adivinhassem o que estava para
vir e um silêncio secreto na boca que ainda hoje continua a lacerar – e eu ali
de pé. estático. sem medo que a foto me roube a alma. a respirar o presente
porque o futuro só existe quando o corpo cresce – pelo chão. às cores. raspas
de papel em alegria contorcem-se num alvoroço descontrolado e invadem o corpo num
sorriso tímido e inocente – na foto todo o caminho está suspenso no tempo e num
lenço ao pescoço. vermelho vivo. da cor pulsante do sangue… e no peito. do lado contrário ao coração a estrela
dos justos: sou xerife – e assim fiquei. xerife de mim para toda a vida – nesse
dia. distante. era um cowboy meio escangalhado. o dinheiro era caro e a minha
mãe entendeu que meia fardeta já seria suficiente para sair aos tiros pela vida
fora – não me tornei num homem sem lei. nem precisei de fugir à justiça. saí a
correr comigo e acabei aqui. defronte a este papel que é metade desabafo e
outra metade sentença – a vida puniu-me devagarinho para não ser muito injusta.
roubou-me lentamente um dia de cada vez. como quem vai apagando devagarinho numa
morte assistida pela qual sou o único responsável. eu e o destino escondido na
foto – nada podemos fazer contra o destino – envelheci. perdi aqueles olhos
negros inocentes carregados de futuro e caminho e desatei a fugir da fotografia
– a vida é imperfeita e talvez por isso resista neste mundo imprevisível – atirei-me
ao destino e magoei-me. atirei-me à verdade e desiludi-me. atirei-me à
injustiça e cansei-me. atirei-me às palavras e nunca mais fui justo comigo – com
o tempo fui perdendo tudo. primeiro a estrela. depois o lenço. de seguida o
colete e o chapéu e por último a pistola. e lá se foram os sonhos que estavam
dentro das balas – quando dei conta já não estava no carnaval e o mundo já não
disfarçava a tristeza – o tempo no meu caso serviu apenas para medir a
distância entre a esperança e a morte. não digo a morte física. mas a morte dos
sonhos que se realizam com um tempo que sabes já não ter – um homem sem sonhos perde
as noites. e sem noites também não há manhãs – o fim da vida acontecerá com o
fim das minhas coisas escritas – vivemos a fazer coisas. algumas coisas sem nenhuma
utilidade. outras. só são relevantes porque nos permitem caminhar como caminham
os homens e por fim. as coisas que realmente nos dão dimensão temporal e que
nos fazem existir: a família. os amigos. os abraços que entregamos. o calor de
um abraço. os afetos trocados. e as fotos em que aparecemos a rir e a sonhar –
são estas fotos que me obrigam a viver mesmo que os sonhos já não passem de
curtas metragens – aqui estou. dezoito de abril de dois mil e dezoito. a
respirar calmamente. mãos caídas e os olhos negros de saudade. a imaginar a
vida depois da minha última foto
13/04/2018
o mecanismo do coração
[dia internacional do beijo]
meu coração tem um pequeno cérebro dentro de si. como a pilha nos relógios. não faz tic-tac. mas faz-me sorrir sempre que te dou um beijo
11/04/2018
eu. a escola. e o pão com marmelada
encosto o corpo à cadeira. recolho-me num escritório
esgotado de reboliço. retiro as
concordâncias para o lado. fecho o word e olho pela janela com a sensação de
dever cumprido – dou o que tenho e o que não tenho por cada palavra. quem assim
o faz a mais não é obrigado – a noite anuncia em breve a chegada do dia. as
estrelas estão em debandada. o escuro já não é um escuro de meter medo enquanto
os demónios fogem a sete pés para as catacumbas – reconforto-me numa poltrona
que me pertence. o tempo cavou-lhe o esboço do corpo. acerto-me. encaixo na
perfeição e procuro arredar-me do que sobra da noite. engulo duas golfadas de
ar. liberto-me na desarrumação mental e livro-me do corpo – por fim. livre de
todas as malapatas emito um último pedido em banda divina: encomendo aos meus
guias espirituais um punhado de sonhos felizes – quando encontrar esse sono afortunado
terei então oportunidade de descansar da vida e retratar a morte: sossego
absoluto – viver é uma barulheira infernal – sentado e sem corpo. coloco os
olhos no parapeito da janela e ordeno-lhes com semblante autoritário: façam o
favor de me trazer ao corpo os primeiros raios de luz da manhã – ninguém
consegue dormir em silêncio sem pelo menos um raio de luz dentro do corpo – esta
não é uma manhã qualquer. é a manhã que traz a primavera. a estação das flores.
dos pássaros. da fruta. dos sorrisos em dias grandes. dos namorados encantados
com os ninhos das andorinhas. das amizades leais. dos abraços entre pais e
filhos. da esperança. da fartura e do conseguimento do corpo para apreender que
a vida depende de um raio de sol – com a primavera esqueço que o março é madrasto.
esqueço a saudade do meu pai e também esqueço as saudades que tenho de mim – tenho
tantas saudades de mim – cresci em demasia. nunca deveria ter crescido. nunca
me devia ter desfeito dos meus calções com suspensórios. da bola de couro. daquele
chapeuzinho redondo com que um dia atravessei o rio minho no colo de minha mãe.
do cheiro a terra na minha aldeia. ou do reboliço na minha cidade com a feira
semanal – hoje sei que cresci enganado – cresci. mas não esqueço a minha rua. o
mercado. os camiões da fruta a chegar ao mercado. e os carrejões sujos como
áfrica a carregar as primeiras uvas do algarve – não esqueço as tendas a vender
coisas e coisinhas e aquela gente de preto. mal vestida. suja por fora.
limpíssima por dentro. e o bom dia numa vénia humilde. límpida. de gente genuína.
gente do meu chão que carregava à cabeça sorrisos de encantar. simples. bonitos.
agradecidos a cada raio de sol mesmo quando a boca se fechava de fome – não devia
ter crescido. era um miúdo feliz. bonito por dentro e por fora. gostava da
minha escola com os seus catraios esfarrapados. pobres como jó. e eu a comer pão
com marmelada. eles especados. com os olhos a afoguear necessidade. e eu de
bata azul às riscas a imaginar o mundo do tamanho do recreio da escola. raparigas
de um lado. nós do outro. e a professora a meio. alta num corpo de mulher
perfeita. bata branca. como se tivesse descido do céu. linda. com as mãos a
cheirar a conhecimento. e a boca transbordando de letras e números – assim aprendi
a ler. os olhos grandes de alegria e o a. e. i. o. u desenhado na perfeição num
caderno de duas linhas que nunca se cruzavam – o mundo cabia-me tudinho nos
olhos. os sinos batiam as horas certas e a vida anunciava-se tranquila e pressentível.
gostava de viver e gostava de falar com deus – mas cresci. agora estou enorme.
afundado numa cadeira maior do que eu. com umas mãos que não sabem escrever em
cadernos com linhas – agora já não há
magia. nem hora para o recreio. deus deixou de falar comigo. tirou-me a
professora – estou cansado de mim. o sol nasce todos os dias da mesma forma.
sem trazer o imprevisível. a inocência. aquela esperança cega ou a teimosia. é um
sol amorfo. batoteiro. sem aquele calor que queimava. mas não trilhava e sem aquela
vontade ingénua de arrastar o corpo para um imenso que afinal nunca descobri –
aqui estou nesta primavera que já não reconheço como minha. a apontar para
dentro do corpo perdido de quase tudo. a olhar o passado como se tudo em mim
cheirasse a defunto. imóvel. sem uma única palavra da minha escola. com a linha
do sorriso a cair do queixo e os olhos emudecidos seguram as pernas para não
saírem a correr pela desgraça – que saudades tenho do pão com marmelada. que
saudades tenho de mim – olho-me de cima a baixo. junto ao corpo uma pistola
imaginária apontada ao que sobra do meu nome. e o dedo a tremer. disparo? não
disparo? – onde anda a minha professora? onde anda a minha tabuada? tanta
reguada para coisa nenhuma – agora as máquinas resolvem as contas de uma vida
num segundo – um segundo que nunca terá a magia das mãos da minha professora.
uma máquina nunca será alta. bonita. nem nunca virá do céu. nunca. talvez do
inferno. porque tudo à minha volta é máquina e tudo parece um inferno – mas não
é a mesma coisa. as máquinas não cantam a tabuada. fazem as contas. mas não
cantam. nem sabem o valor de um pão com marmelada. e muito menos do que é ter
uma professora – estou triste. amargurado. abril trouxe-me ao mundo e o mundo é
demasiado belo para tanta tristeza dentro de mim – nunca sabemos quando vai ser
a nossa última manhã. e talvez nem importe. hoje tenho este dia para viver e
vou amarrá-lo ao corpo como se ainda usasse calções e a bola rolasse de pé em
pé. os amigos a deitar passos para
escolher a equipa do maior para o mais pequeno e o jogo a mudar aos oito e
acabar com oitenta primaveras. para todos – brevemente será abril. o mês que me
trouxe à vida enrodilhou-me num trapo e ali fiquei para crescer. escondido de
mim e de todas as palavras do mundo – é nas noites de abril que resisto aos
intervalos do coração a bater. resisto em silêncio para que a magia volte a
romper num amanhecer e me traga um raio de sol inocente. porque em cada raio de
sol vive uma gaivota. e em cada gaivota um vento sul aberto a abril – sei que
um dia carregarei comigo todos os amanheceres de abril – mas resisto. resisto
amarrado a um raio de sol. de primavera.
de abril
08/04/2018
este poema é teu
este poema é teu
[sempre que perdemos alguém que
nos quer bem - com a sua leitura]
procuro-te
procuro-te todos os
dias mesmo que não saiba onde te encontrar
fugiste-me.
fizeste-te silêncio
ocupaste as mãos que
me tocavam com o primeiro sol da manhã
e o que era
pressentimento passou a separação
agora. tudo me rasga
nestas veias de sino
emersas em sangue e
gás sarin
e sufoco
sufoco quando calo
esta boca cada vez mais imunda
e por mais que os
astros se alinhem em perdão
o corpo bate em
retirada
águas perdidas não
moem sentimento
agora
o som da tua voz
emancipada pela distância
é fúria de cem
fantasmas
paridos em almofia de
solidão
procuro-te
procuro-te todos os
dias mesmo que não saiba onde te encontrar
procuro-te para
renasceres
no que sobra deste
corpo esquecido
magoaste-me como
magoa o som da trovoada
cravaste-me a
ausência ao peito
enfureceste-me
roubaste-me o perdão
e agora as palavras
são o que são:
sujas e aflitas
maldito seja este eu
que vive na ponta da flecha
procuro-te
procuro-te todos os
dias mesmo que não saiba onde te encontrar
não te procuro para
escutar o teu nome ofendido
procuro-te para que
me voltes a encontrar em frente a ti
olha-me. corta-me com
o silêncio que inventaste
e a pedra que não
atiraste
nunca mais te voltará
à mão
fugiste-me.
fizeste-te memória
nessa corda
silenciosa
presa a pássaro que
não voa
nem sou deus. nem
diabo
nem proveito preso a
sino que bate ausência
sou talvez… sentença
magoada
procuro-te
procuro-te todos os
dias mesmo que não saiba onde te encontrar
procuro-te mesmo que
o corpo já não saiba o que procurar
e por cada pancada do
sino
paira uma gaivota no
ar
e pergunto à boca:
será este o meu
destino?
não sei -
ouvir-te é um
desígnio
nesta imensidão de
mim
que te procura sem
cansar
serei doente em terra
apodrecida?
não sei
as veias dilatadas de
tanto escorrer fim
amargam raiva num
desvario despercebido
raio de dor essa de
ter sinos a gemer
se não sei a cor do
que geme
nem o que geme é
alerta
dentro de mim
e agora estou assim:
coisa inútil nesta
espera
que te espera
procuro-te
procuro-te todos os
dias mesmo que não saiba onde te encontrar
procuro-te para que
me declares de vez
o silêncio da tua
boca
mas se as palavras te
fugirem para a indiferença
que seja por carta ou
por abraço
que o destino me
desprenda ao que sobra das manhãs
e se um dia morreres
dentro de mim
então
os sinos que batam
sem parar
batam sem ser devagar
batam castigo que não
seja dor
porque o tempo
roubado a vénus
é punição que não
sustento
procuro-te
procuro-te todos os
dias mesmo que não saiba onde te encontrar
e o que parecia um
sonho
é afinal um avião a
voar para o fim do mundo
fugiste para onde eu
nunca parti
e o corpo é agora um
grito que ecoa em palavra triste:
mata-me. mata-me ou
salva-me da tourada
em que ficou a minha
rua
acende-me o corpo com
os teus olhos
incendeia-me as mãos
de virtude
mesmo que o sol se
esconda no teu regaço
e se algum dia
escutares touros a correr com saudade
se algum dia ouvires
sinos a evocar tristeza
e mesmo que nada
entendas de cores
não me voltes a fugir
são apenas palavras
minhas
a falar para ti
procuro-te
e pela última vez te
imploro
lê
este poema é teu
[abril trouxe-me ao mundo – brevemente completarei mais um aniversário natalício e. mais uma vez a soma deste aniversário é diferente de tudo aquilo que aprendi no último ano – mas a vida já me ensinou a não procurar mais o santo graal – escrever é a minha expiação. pacificação do corpo – sou feliz a escrever e se houvesse uma porta para o passado. tipo exterminador. sentar-me-ia na primeira carteira da minha escola primária para aprender todas as palavras que perdi pelo caminho – escrever faz-me viver em compromisso com o bem. com dignidade. com verdade. num abraço silencioso. verdadeiro e infindável – por isso aqui estou. em palavra humilde. e com um imenso obrigado a todos aqueles que se me entregam com a sua leitura – confesso-vos que nada mais me poderia deixar-me tão feliz – grato para sempre]