.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

22/06/2021

vou









de manhã cedo

salto de mim

e vou para o que não sou

absorvo café com leite

uma bucha de pão

e sinto o coração alçapão

 

mas vou

vou com pressa

em expresso

levo um sorriso

de vintém

e vou para o que não sou

 

mas vou

assim como sou

às vezes camaleão

às vezes papelão

às vezes irritação

 

e de curva em curva

entre campeões e matolões

vou como se não fosse

para lado nenhum

e penso:

vou para lá

ou fujo para acolá

não interessa

às vezes morro por lá

e também por acolá

 

mas vou

levo a bucha de pão

e um melão

que é mais desilusão

do que ebulição

 

mas vou

sem saber ao que vou

às vezes sem tino

às vezes sem destino

ás vezes num equilíbrio

que é apenas pesar

de ser o que sou

 

mas vou

vou com temor

triste e desiludido

[até perdido]

por não saber porque vou

se não gosto do que sou

quando vou

mas se o destino me atrasar

volto atrás

por caminho envesgado

não vá satanás saber

que sou aquele que vai

com melão

que é muito mais mutilação

do que paixão

 

mas vou

vou porque todos vão

mesmo que ninguém saiba

para onde vai

esta procissão

de tristonhos mortais

 

eu vou

mesmo com melão

mesmo com mutilação

mesmo com irritação

eu vou

vou com a minha careta

que não é vedeta

mas que importa

é a que tenho

e é com ela

que vou chegar

de onde nunca parti



 

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