nunca soube
escrever cartas de amor
às vezes
escrevo poemas de amor
se forem
pequeninos
dois ou três
versos.
mas nada de
emparelhamentos
nem rimas
cruzadas
coisa
simples
e fácil de
transportar
como um porta-chaves
ou algo do
género
mas hoje
sinto-me…
como hei de
dizer?
transgénico
sinto-me
poeta
sinto-me
pessoa
e quero
compor um poema de amor
para o meu
amor
mas juro
não sei por
onde começar
e
interrogo-me:
o que tem
que ter um poema de amor?
tem que ter
amor
paixão
veneno para
se morrer
tem que ter
luz
olhos
apaixonados
e promessas
cumpridas
mas amor
em mim não
há palavra ajustada
nem rima
acertada
bem queria
que rimasse com versage
que é alta
costura
e coisa com
classe
mas é o que
é
e mesmo sem rimar
o que sei
por escrito do fernando
é que todos
os poemas de amor são ridículos
acabamos às
voltas
com palavras
para lá e para cá
algumas de
tão curtinhas acabam por nada dizer
outras…
ficam tão
cumpridas
que o amor
fica todo amalgamado.
meladinho e
tonto
por isso
este poema de amor
[e só eu lhe
chamo assim]
é para ser
declamado
por um louco
apaixonado
também
para que as
palavras
corram mais
acertadas
com paixão
menos tontas
e meladas
e mesmo
aquelas que [te] parece[re]m
despidas de
tino
devem ser
perdoadas
afinal um
coração apaixonado
raramente
diz coisa com coisa
mas se não
houver louco para declamar
que seja um
cavaleiro andante
e que traje
versage
que é coisa
fina
e da alta
costura
mas amor
este nosso
poema
é também a
nossa vida
prometida
no bem e
para o mal
e até que a
morte nos separe
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