na poesia mora a ilusão
tantas vezes erguida 
em colunas jónicas
personificam sabedoria
e a força de uma beleza 
trabalhada a quatro voltas 
em cada volta gira um sonho
talhado para cada mente
mais ou menos traído
em sonhos rendilhados
de um passado talhado 
a esquadro e compasso
giram as colunas 
esperança também
as quimeras? ainda esperam 
por deuses férteis 
mas a alma do poeta 
permanece prostrada e chorosa 
aos pés elegantes da coluna
e dos sonhos angustiados
num chão 
nem sempre geométrico 
lá no topo. a coluna toca o olimpo 
espalhando sapiência aos semideuses
sentada ao lados dos deuses 
partilhavam dizeres e banquetes 
sacrificando a mitologia 
ao mundo dos mortais 
o poeta que cá em baixo agonia
revestido da mesma dignidade
lamenta amarrado às colunas graníticas
por não ser “aquilo” que os deuses esperam 
violado na alma
pela culpa das letras
declama em forma de remissão:
por aqui escreve-se assim
sem a ilusão de um dia
escrever diferente
serei sempre um pequeno
trovador
ao cuidado dos humores dos deuses
mas nunca dos semideuses 
morrerei por este lugar 
onde as “impuras” fazem morada
 
 
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