vou – lá vou eu a deambular pelos
caminhos da noite. sozinho. como sempre. só assim sou capaz de me encontrar com
a realidade nua e crua da escuridão silenciosa – e lá vou eu. passo a passo.
para dentro da implacável verdade das memórias – caminhar no passado é quase
sempre uma crueldade – vou. em passo certo vou. vou pela noite adentro. sem receio.
sem cuidado. sem amparo – na noite. só a verdade emerge. os fantasmas deixam de
ser fantasmas. a ilusão desfaz-se com vergonha. e os sonhos. finalmente. adormecem
de cansaço – também eles necessitam de sossegar. não é fácil sobreviver preso a
fantasias – vou. vou tão louco hoje como ontem – vou. vou tal e qual como sou.
vou à procura de outras vidas. perdidas como estrelas no céu – vou. vou
saudade. vou dentro de mim. vou de mãos nos bolsos. vou envelhecido. vou num assobio
que se dissolve num tempo que já não me pertence – vou. vou com o corpo como
posso. vou contra um vento que me varre a face do que me sobra em pesar – vou.
vou de rua em rua. e em cada esquina. uma marca de que por ali passei sem nada
saber do destino traçado – vou. vou porque preciso de ir – é urgente ir – só a
verdade esvazia o medo da morte
.................................................................................não tirem o vento às gaivotas
15/12/2016
vou. por ali vou
fábio magalhães
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