aqui está mais um ano para ti – sempre que acrescentas um
ano. corro a acrescentar outro para mim – não quero que me apanhes. gosto de
ser mais velho. gosto de saber que posso contribuir para a tua felicidade. e quando
te sinto feliz. acrescento-me em ti – depois… sou de abril. carneiro e torrão.
gosto dos gestos que se repetem. de te dar a mão e caminhar contigo por dentro
de mim. e ao fim do dia. encostar-me ao tempo que fomos. e perguntar-lhe se
ainda nos reconhece – tu… és deste mês bonito. o mês da família. onde os dois
aprendemos a crescer com os nossos filhos – és capricórnio. delicada. bailarina
que me atravessa em bicos de pés – nós somos a família. a que nos entregaram e
recordamos. e agora. aquela que fizemos – e que um dia será também recordação –
mas que dia mais bonito para se nascer – nasceste e foste logo para a ceia de
natal. e ainda não tinhas aberto os olhos. já havia em ti qualquer coisa de casa
– eu levo anos a tentar dizer-te que te amo. e a palavra nunca chega – fico
sempre sem jeito. enrodilham-se. e quando chegam ao papel dizem pouco em
relação ao que sinto. que não passa da dor de não ter envelhecido mais a teu
jeito – este é o quadragésimo primeiro ano que continuamos a atravessar juntos.
confesso que já não me lembro do primeiro. não é culpa minha. é a vida a
escolher o que fica – quanto mais vivemos. mais alguma coisa fica para trás. mas
por culpa da idade sei. hoje escolho-te com mais consciência do que naquele dia.
quando ainda não sabíamos tudo – para mim continuas a chegar como no início. e
por mais voltas que eu tenha dado sobre mim. como os girassóis ao sol. encontro
sempre os teus olhos. e quando isso acontece. descubro sempre alguma coisa
nova. às vezes um sorriso. às vezes uma ruga de expressão. é assim que o tempo
passa. vais acrescentando idade. sem nunca te afastares de mim. e isso muda-me –
somos feitos de tempo. toque e permanência – parabéns
maria joão – digo que te amo. com o desconforto de quem sabe que a palavra é pequenina
demais – por isso digo-te. amo-te. e fico em silêncio
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