.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

07/05/2011

tempo perdido









com a máquina o meu pai - o dia com o passar do tempo parece-me parado. como a fotografia - a minha irmã contínua com as mesma feições. o meu irmão contínua a fechar os olhos para o sol. a lurdes. segunda mãe. continua a rir para o tempo amarrada à sua fé. e até a minha mãe. hoje ainda mais bonita apesar dos seus 86 anos. contínua a segurar em mim com o dobro da preocupação para que nenhuma desgraça aconteça – dar movimento à foto é fácil. basta escutar a voz do meu pai a dizer: - agora não se mexam. não se mexam. já está – de seguida uma gargalhada  invade o sossego da vida – é um pai a viver como todos os pais deveriam viver – tenho a certeza que era domingo. nesse tempo havia sempre mais família aos domingos.



2 comentários:

  1. E havia a luz e os cheiros e a música de domingo, em rostos serenos, nas ruas de domingo, nas casas de domingo, nesse tempo.

    E há a sua sensibilidade e as suas palavras, que me deixam reencontrar o tempo. Neste tempo.

    Muito obrigada

    Luz

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  2. obrigado luz - dentro de cada corpo há tempos guardados. depois. e sem que a razão saiba compreender. olhamos a janela. do outro lado um domingo. do lado de dentro um espasmo - escrevi o que senti amarrado a uma foto sem fim

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