já não há forma de me reencontrar na noite – perdi-me
por completo. de um lado eu. do outro também eu - e os dois eus cada vez mais cúmplices
- se um diz mata. o outro não ousa dizer não mates. se um diz basta. o outro responde
que o basta tarda. se um diz coragem. o outro grita muita. se um não diz nada.
o outro encolhe-se no nada - afinal o silêncio é a antecâmara da morte - nos
meus eus. há apenas uns quantos pássaros a chilrear numa alegoria que
desconheço. sobrevivo nos intervalos do que me resta da janela - talvez o sol
nasça apenas para quem o canta em esperança - eu continuo preso às minhas
lâmpadas de baixo consumo. numa fé moribunda. incapaz de emitir qualquer som que
desperte a manhã com um sorriso – falta-me um abraço e um segredo ao ouvido que
convença a noite a não ser eterna
.................................................................................não tirem o vento às gaivotas
24/05/2017
a antecâmara da noite
pintura - diego fazio
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