escrever foi a minha maior descoberta. tão
importante como o fogo para o homem pré-histórico. para mim. reforço – a partir
do momento em que comecei a escrever. ganhei voz. corpo. volume. e trouxe por
fim algum descanso ao silêncio barulhento que habita comigo este pré-cadáver –
no entanto. este ruído que só eu sei ouvir. não para de me lembrar que. por
mais palavras inventadas. fabricadas. engendradas. este não silêncio terá
sempre o seu lugar cativo no meu desespero. mesmo que eu teime em tornar a
minha descoberta na solução de todos os males – bem sei que sou ainda egoísta.
interesseiro. talvez até de mau carácter. pois escrevo sobretudo para mim – mas
isto está a mudar aos poucos. um dia destes. acordo diferente. não sei se
perdido ou encontrado. passarei a escrever tudo o que deslindo nos outros e não
mais o que esta carcaça guarda – penso que isto não seja possível. mas. por
agora. façamos de conta que sim – por isso digo para mim. escritor de meia
tijela. escrever é um ato de desespero. em que a minha verdade se prende às
palavras que chegam ao papel – escrever é fazer sobreviver um corpo muito para
além de uns lábios que só sabiam beijar. dizer obrigado. nomear a alegria. ou
simplesmente reconhecer presenças – confesso que gosto deste falar silencioso
das palavras – ainda não há terra à
vista. mas o tempo corre sempre a favor dos náufragos. quanto mais tempo
conseguir manter as palavras à tona da água. maior chance há de que estes
textos sobreviverem ao seu autor
.................................................................................não tirem o vento às gaivotas
08/08/2012
e assim comecei a escrever
tolstoi por nicolai ghe
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