não há caminho diferente – a escolha foi feita
no tempo em que as palavras usavam calções – o tempo andou – agora. agora resta-me
escolher por que berma seguir – a esperança é para outras vidas. noutro espaço
– há dias em que caminho contra os carros. outros dias. quando a ilusão é
doença. caminho a favor dos carros – alguns levam pessoas em silêncio. noutros
dias. só o rádio sufoca as faces-pedra. conformadas – caminho – sempre me
disseram que a vida se faz a caminhar – então caminho – ainda é possível acreditar na estrada? não –
não acredito em estradas onde uns vão para lá e outros vêm para cá – se só há
um fim. como pode haver dois sentidos? fim é morte. morte é descanso – quero
acreditar que o fim é mais fácil por este caminho. por este lado da rua. sigo
atrás deste carro preto. com gente aos berros – vou por aqui. sei que o
precipício é maior e o corpo voa antes de dizer uma única palavra de salvação –
não há arrependimento – sempre quis voar – desde sempre soube que o faria
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