.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

08/02/2012

na escuridão do corpo







ron mueck




não há caminho diferente – a escolha foi feita no tempo em que as palavras não sabiam eliminar a esperança – o tempo andou – agora. agora a escolha é saber por qual das bermas faço caminho – a esperança é para outras vidas. noutro espaço – há dias em que caminho contra os carros. outros dias. quando a ilusão é doença. caminho a favor dos carros – alguns levam pessoas em silêncio. outros. só o rádio abafa o silêncio das faces pedra. conformadas – caminho – sempre me disseram que a vida se faz a caminhar – caminho então –  ainda é possível acreditar na estrada? não – não acredito em estradas em que uns vão para lá e outros vêm para cá – se não há dois mundos não pode haver dois sentidos para se chegar a um fim – fim é morte e morte é descanso – hoje quero acreditar que o fim é mais fácil por este caminho. por este lado da rua. caminhando atrás deste carro preto com gente aos berros – vou por aqui. sei que o precipício é maior e o corpo voa antes de dizer uma única palavra de salvação – não há arrependimento – sempre quis voar – desde sempre soube que um dia iria voar  



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