.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

16/04/2012

monólogo




                                                           ´Sala Escura da Tortura´- trabalho coletivo:
                                                 Gontran Guanaes Netto, Julio Le Parc, Alejandro Marco, Jose Gamarra.




um descuido

uma cria

um parto

um abril

um 17

um choro

uma família

uma palavra

um deus

um batismo

uma vela

uma concha

uma escola

um aprender

um caminho

um destino

uma renovação

uma comunhão

um recomeço

uma luta

uma revolta

uma rua

uma solidão

um 10

 

um livro

uma diferença

um destino

um amigo

um desconhecido

uma honra

uma desonra

um carma

um cristal

um futuro

um cravo

uma revolução

um cigarro

um liceu

um desnorte

uma loucura

um piquete

um manifesto

um partido

um calvário

um 16

 

um semideus

uma renúncia

um trabalho

um erro

um desafio

um silêncio

uma corrida  

um 18

 

uma festa

um homem

um carro

uma paixão

um encantamento

uma loucura

uma viagem

uma ferida

uma ressurreição

um destino

um amor

um sonho

um casamento

um 22

 

um desígnio

um objetivo

uma certeza

um atalho

uma lida

uma luta

um guerreiro

uma vitória

uma madrugada

uma alegria

uma barriga

um coração

um sol

um rebento

um 23

 

um pai

uma jura

uma lida

um combate

um cansaço

um triunfo

uma esperança

uma regeneração

uma aurora

uma convicção

uma existência

um batimento

um gáudio

uma pancada

um choro

um 27

 

uma responsabilidade

um sucesso

um crescer

um nome

uma imagem

uma marca

uma vitória

um líder

um orgulho

um desassossego

uma fraqueza

uma visão

um deslize

um choro

uma preocupação

um rapaz

um 32

 

um abraço

uma pauta

uma alegria

uma europa

um voo

uma queda

uma áfrica

um emigrante

uma angústia

um desastre

um desespero

uma jornada

um louco

uma doença

uma dor

um silêncio

um adeus

um beijo

um gelo

um 36

 

um recomeço

uma escola

uma universidade

uma escrita

um desespero

um farrapo

uma mãe

uma raiz

uma mãezinha

um amigo

uma amiga

um inimigo

um 40

um humano

um sábio

um caminho

uma família

uma (a)

um nó

um farol

um sorriso

uma luta

um destino

uma religião

uma (d)

uma renovação

uma união

uma prata

um 47

 

um doutor

uma conquista

um 48

 

uma nora

uma honra

uma partida

uma vitória

um projeto

uma alegria

um medo

um destino

uma (m)

uma convicção

um 50


7 comentários:

  1. Segui contigo, um a um, os momentos do teu Poema. De intantes a instantes, na rotação vertiginosa dos versos, quase te consegui tocar fisicamente... depois do encadeamento da luz, fecho os olhos e sorrio à imagem a negativo do balanço positivo das coisas: "Viver" é só uma palavra que nos une ao Tempo - além dele, é o Amor que vive...
    Por agora, neste "um momento", vive o teu Ouro como se quisesse dizer Futuro. Um grande beijo.

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  2. sabes teresa. a vida parece sempre tão enorme quando estamos tristes - hoje nem sei se consigo chorar. gosto de chorar. o meu pai ensinou-me - sempre que choro perco um pouco de uma dor que nunca se cansa de me chamar pelo último nome - olhei para trás. comecei bem lá no começo. no escuro. e ao escuro cheguei - a verdade. é apenas esta. sou tempo. e dentro deste imaginei uma quantidade de coisas. fiz outras tantas. esperei outro tanto e rezei tanto a um deus que inventei só para me fazer feliz - mas o deus é de barro. e a bondade de porcelana e tudo que ficou foi isto - isto sou eu. tudo o resto foi tempo perdido. mesmo assim tenho gente que ainda gosta deste tipo - obrigado teresa. obrigado pela luz. tu sabes como uma luz brilha no escuro. tu sabes

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  3. Me encontrei ali nos 33, nas esperanças, nos delizes, no choro , nas lutas, visulizei o teu momento a tua história,sempre as densidades, as intensidades,que se fazem em cada leitura.E sem explicação, o desconhecido,os encantamentos. O ouro (aurum) o brilho, a justiça, a glória, que seja uma constante claridão, brilhos , pois o ouro não é para aqueles que chegam à frente, mas para aqueles que chegam com luz.Parabéns! Um grande abraço

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  4. Parabéns!
    Parabéns pelos teus 50 anos e parabéns pela forma consciente e corajosa com que vives esta vida.
    Sempre com a ajuda das palavras resgatas a tua criança, a tua adolescência,o teu "eu".
    Isto não é para todos...dói? dói...sente-se, vive-se e experiência-se a vida na sua plenitude.
    Obrigada
    Sandra Vale

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  5. marcia, encontraste tempo. tudo em nós se resume a tempo - passamos a vida a correr contra o tempo. imaginamos tudo. queremos ainda mais e quando damos conta da ampulheta a areia está no fim - presa ao vidro escorregadio umas quantas areias. estas. pela pureza com que foram desejadas. não caem pelo funil do nada. são para sempre - é a linhagem. esta não está à merce da força gravítica. e o olhar ali. em fogo. em dor. em abraços. em micro-tempo. como se a noite ainda não tivesse inventado estrelas e os cometas só soubessem cair onde os abraços acabam e o amor puro sou eu e este tempo que o tempo me deu a saber – sou sábio de um tempo que não sabia ter perdido - e a vida cada dia mais simples. a viagem final está quase fora do tempo real - obrigado marcia por estares comigo

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  6. como se responde à família. não se responde. esta já sabe tudo do nosso tempo - agora também tens um tempo só teu. crescem aí a teu lado. crescem bem. eu vi com olhos que são nossos. um dia vão ser enormes. vão chegar ao céu onde os baloiços continuão a ir e a vir e os nomes a repetir adjectivos - somos adjectivos - somos tanta coisa. estás a ensinar essas coisas todas que nos traz por aqui a escrever tempo - parabéns para ti também. hoje é o teu dia. e eu a caminho. feito pé em terra batida para levar á cidade os olhos para te ver - tinha dez anos de tempo e tu sem saber marcavas o nosso tempo - beijo

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  7. Obrigada!
    Nem sempre tenho coragem para vir aqui...as tuas palavras são sempre muito intensas e "mexem" comigo!!.
    Só desta vez é que vi com olhos de vêr a forma como escreves "sampaio R(ego)", agora compreendo porque mexe tanto, porque simplesmente escreves com alma e deixas o ego de lado.
    Parabéns!!
    Eu adoro-te.
    Sandra Vale

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