.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

23/04/2012

no tecto do quarto onde escrevo há uma luz







károly ferenczy






no quarto onde escrevo tudo é incompleto. inacabado. imperfeito – no tecto a lâmpada contínua a luta – o filamento resiste em brasa. pequenas faíscas esbarram mortas nas paredes finas de vidro baço – dentro da lâmpada uma partícula do electrão resiste estoicamente à dúvida intermitente que avança ao olhar – apaga não apaga – há vida na luz e morte no escuro – a luz é movimento –  presa ao tecto o electrão dá vida às sombras. não há sombras sem luz como não há felicidade sem tristeza nem tempestade que não traga acalmia – na cadeira um corpo em espera. não há lugares inacessíveis para quem está preso à luz – só o tempo persegue a luz e o corpo viaja na imaginação à velocidade de uma gaivota – a morte não pode ser olhada de frente. a luz é a certeza da sua presença – a luz treme. o corpo vacila e a palavra aparece – escrevo –






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