.................................................................................não tirem o vento às gaivotas

19/02/2021

palavra





pintura - gustave caillebotte

 

 

o padre lorenzo milani disse: “enquanto houver uma pessoa que sabe 2000 palavras e outra sabe 200. esta será oprimida pela primeira – só a palavra nos torna iguais” – é por isso que me amarro a cada palavra que aprendo. para me deixar de sentir oprimido. para me libertar do cativeiro da incerteza. e do medo que guardo do mundo dos pensadores – penso como seria diferente se soubesse mais palavras. como me sentiria mais livre a escolhê-las. a torná-las mais minhas – mas não me escondo atrás do que não sei. olho o mundo e escrevo o que me escorre pela ladeira do tino – depois. deixo as palavras fazerem o sentido contrário. regressa tudo ao pensamento. não com a singeleza com que as levei ao papel. mas mais judiciosas. mais equilibradas. mais informadas. a dizerem mais coisas. coisas que nunca imaginei que pudessem dizer. e interrogo-me: são minhas as palavras. ou de outra entidade desconhecida? foram contaminas no novo mundo? ou apenas amadureceram? ganharam competência de se reproduzirem assexuadamente? ou sexuadamente? não importa o que penso que sei. ou não sei. nem porque as escrevo assim. ou de outro modo. se são cultas. ou iletradas. o que importa mesmo é saber que a arte nem sempre pode ser compreendida. a arte é a procura do belo – é o meu belo que procuro levar-vos quando escrevo – toda a cultura é humanista. e eu. enquanto “sarrabiscador”. gosto de um humanismo universalista. gosto de manter a minha janela aberta ao mundo de todos – eu estou no centro do mundo. e todos contribuíram para o que escrevo – termino com uma máxima do escritor e pensador mário cobos: “Nada acima do ser humano. nenhum humano abaixo de outro”  eu digo: nada acima do pensamento – nenhum pensamento abaixo de outro – o que me chegar por bem. no bem guardarei. e ao papel levarei – é isto que sou. uma letra insignificante no mundo da escrita

 


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