o padre lorenzo milani disse: “enquanto houver
uma pessoa que sabe 2000 palavras e outra sabe 200. esta será oprimida pela
primeira – só a palavra nos torna iguais” – é por isso que me amarro a cada
palavra que aprendo. para me deixar de sentir oprimido. para me libertar do
cativeiro da incerteza. e do medo que guardo do mundo dos pensadores – penso
como seria diferente se soubesse ainda mais palavras. como me sentiria mais
livre ao escolhê-las. ao torná-las mais minhas – mas não me escondo atrás do
que não sei. olho o mundo e escrevo o que me escorre pela encosta do tino –
depois. deixo as palavras fazerem o sentido contrário. regressa tudo ao
pensamento. não com a singeleza com que as levei ao papel. mas mais lúcidas.
mais equilibradas. mais informadas. a dizerem mais coisas. coisas que nunca
imaginei que pudessem dizer. e interrogo-me: são minhas as palavras. ou de
outra entidade desconhecida? foram contaminas no novo mundo? ou apenas
amadureceram? ganharam capacidade de se reproduzir? por contágio? não importa o
que penso que sei. ou não sei. nem porque as escrevo assim. ou de outro modo.
se são cultas. ou iletradas. o que importa mesmo é perceber que a arte nem
sempre se compreende. a arte é a procura do belo – é o meu belo que procuro
levar-vos quando escrevo – toda a cultura é humanista. e eu. enquanto
“sarrabiscador”. gosto de um humanismo universalista. gosto de manter a minha
janela aberta ao mundo de todos – eu estou no centro do mundo. e tudo contribuiu
para o que escrevo – termino com uma máxima do escritor e pensador mário cobos:
“Nada acima do ser humano. nenhum humano abaixo de outro” –
eu digo: nada acima do pensamento – nenhum pensamento abaixo de
outro – o que me chegar por bem. no bem guardarei. e ao papel entregarei – é
isto que sou. uma letra minúscula no mundo da escrita
.................................................................................não tirem o vento às gaivotas
19/02/2021
uma letra minúscula
pintura - gustave caillebotte
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